Não a Saddam! Não a Bush! Sim à Paz!

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PAZ AGORA|BR : Amanhã, 15|02, diga

“ Não a Saddam ! Não a Bush ! “

“Sim à Paz !”

Massacre de Curdos pelo regime de SaddamSaddam Hussein, há décadas, dirige o Iraque com punhos de ferro. Esmaga qualquer cidadão que ouse se opor a ele. Foi capaz de utilizar armas químicas contra os habitantes curdos no norte do país, matando indiscriminadamente homens, mulheres e crianças. Provocou duas guerras: uma contra o Irã e outra contra o Kuwait. É um genocida responsável por mais de um milhão de mortes…

George W. BushOs EUA também já atacaram vários países, mas em geral com um nobre pretexto: o de defender a democracia. Apenas, desde a Segunda Guerra Mundial, segundo o historiador William Blum, podemos citar China (1945-46), Coréia (1950-53), China ( 1950-53), Guatemala (1954), Indonésia (1958), Cuba (1959-60), Guatemala (1960), Congo (1964), Peru (1965), Laos (1964-73), Vietnã (1961-73), Cambodja (1969-70), Guatemala (1967-69), Granada (1983), Líbia (1986), El Salvador (1980), Nicarágua (1980), Panamá (1989), Iraque (1991-99). Sudão (1998), Afeganistão (1998), Iugoslávia (1999).

Nessa “curta” relação não estão incluídos os apoios norte-americanos a regimes ditatoriais em todo o planeta e na repressão sangrenta de movimentos populares, como sentimos aqui no Brasil, e nos vizinhos Chile e Argentina nos anos ’60 e ’70.  

A pacifista israelense Gila Svirsky, da Coalizão Israelense-Palestina das Mulheres pela Paz, lembra que nenhum desses países teve como resultado direto dessas intervenções militares a instauração de um regime democrático…

George Bush quer agora destituir Saddam Hussein. Não importam os motivos, decidiu que este ditador sanguinário deve ser removido do poder. E quer utilizar toda hegemonia militar, econômica e tecnológica do país que governa para isso.


Para Israel, o Iraque é um dos expoentes da “frente de recusa”, composta de países árabes governados por regimes ditatoriais, que desde a decisão da partilha da Palestina pela ONU, em 1947, sempre se negaram a qualquer negociação com “o inimigo sionista”. Como esses países totalitários, desde sempre tem se valido do sofrimento dos refugiados palestinos como pretexto para um hiper-nacionalismo pan-árabe que tem como um dos lemas centrais varrer o Estado judeu do mapa. 

Talvez a derrubada de Saddam possa até enfraquecer os grupos mais radicais palestinos, que recebem ajuda financeira do Iraque para o terrorismo suicida contra civis israelenses. Mas a guerra traria outras implicações para a região. O fundamentalismo islâmico e o ultra-nacionalismo pan-árabe que comandam os demais regimes ditatoriais do Oriente Médio, irão se fortalecer. Os fanáticos receberão mais adesões e simpatias, quando os números dos mortos de civis inocentes começarem a serem divulgados. Este efeito colateral – tão previsível como desconsiderado pelos americanos – se fará sentir num curto espaço de tempo com o aumento do terrorismo.

A Guerra Poderia Ser EvitadaAssim, uma ação que não seja justificada e referendada pela comunidade das nações, quase certamente levará a uma radicalização que tornará ainda mais árduo o caminho para uma paz negociada com o estabelecimento do sonhado Estado Palestino, ao lado de Israel, numa solução justa e duradoura para israelenses e palestinos.

Ser contra esta guerra é ser a favor da vida. Não se pode em nome de um mal, causar um mal ainda maior. Apesar de toda a prepotência do governo americano, a cada dia cresce o número de cidadãos americanos contra a guerra. 

Ser contra a guerra neste momento é apoiar e fortalecer a ONU, que ainda é o mais adequado organismo de resolução diplomática de conflitos internacionais, onde o poder econômico e militar de qualquer potência ainda pode ser contrabalançado pelos interesses comuns da comunidade humana global.

É fortalecer a Justiça e o respeito às conquistas na defesa dos Direitos Humanos de qualquer cidadão do planeta.

Ser contra a guerra não significa apoiar o regime sangrento de Saddam Hussein. É defender o direito fundamental à Vida de dezenas ou centenas de milhares inocentes. É defender um mundo mais digno para todos nós, os habitantes da Terra. 

 Mário Nadvorny e Moisés Storch são membros dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA

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PAZ AGORA|BR na Manifestação  

AMANHÃ, dia 15 de fevereiro, pessoas de todo o mundo irão se reunir em suas cidades para a realização de protestos pela paz e contra a guerra que a administração americana, liderada por George W. Bush, pretende realizar contra o Iraque.

Várias cidades aqui no Brasil também participarão deste dia de protestos globais, realizando caminhadas e atos públicos para mostrar que guerras não são o caminho para a resolução de conflitos, especialmente este. 

Una sua voz contra a violência, dizendo: “ Não a Saddam!   Não a Bush !    Sim à Paz ! ”

SÃO PAULO : Concentração em frente ao MASP às 16h, caminhada até o Ibirapuera.

RIO DE JANEIRO: Concentração na Praia do Leme, em frente ao Hotel Meridien, às 15h.

SALVADOR: Concentração em Campo Grande, em frente ao Teatro Castro Alves, às 14h30, caminhada até a Praça da Sé.

BELO HORIZONTE: Concentração na Praça da Estação, às 10h, com marcha às 12h até a Praça Sete para um minuto de silêncio.

CAXIAS DO SUL: Ato no Calçadão, às 10h

FLORIANÓPOLIS: Bicicletada contra a guerra, na frente da Catedral, às 10h

CAMPINAS: Manifestação às 9h, no Largo da Catedral.

RIBEIRÃO PRETO: Ato público na Esplanada do Teatro Pedro II, às 10h.

GOIÂNIA: Ato público na Praça do Trabalhador, às 9h, com caminhada pela avenida Goiás até a Praça Cívica. 


Brasil apóia esforços pela paz

Governo brasileiro reafirma, através de nota do Itamaraty, sua posição contrária a uma declaração unilateral de guerra por parte dos EUA.

O Itamaraty divulgou nesta quarta-feira uma nota elogiando a posição dos governos da Rússia, da França e da Alemanha contra o ataque ao Iraque e a favor do prolongamento e fortalecimento das inspeções da ONU para assegurar a completa eliminação das armas iraquianas de destruição em massa.

Com a nota, o governo brasileiro reafirma sua posição de apoio às decisões multilaterais do Conselho de Segurança da ONU e contrária a uma declaração unilateral de guerra por parte dos EUA, como já havia sido expressado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua passagem por Berlim e Paris, onde se encontrou com o chanceler alemão Gerhard Schroeder e o presidente francês Jacques Chirac.

 Eis a íntegra da nota:

” O Governo brasileiro reitera seu apoio a todos os esforços pacíficos, no quadro das Nações Unidas, com vistas ao pleno cumprimento pelo Iraque da Resolução 1.441 do Conselho de Segurança, em particular para garantir a eliminação de todas as armas de destruição em massa e outras armas proscritas.” 

“Nesse sentido, o Governo brasileiro tomou conhecimento com grande interesse da declaração comum feita por Rússia, França e Alemanha sobre o Iraque, cujos objetivos apóia”.

(publicado n’O Globo em 13|02|03)

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