Hora de agir contra os extremistas

Existem coisas que os colonos têm feito ultimamente ao exército que se fossem feitas pelos palestinos teriam sido definidas como violência, ou mesmo como terrorismo. Por exemplo, a vandalização da cerca de separação. A intenção não era de destruir a cerca, mas de provocar falsos alarmes e perturbar os soldados. Se um palestino tivesse feito isso, teria sido certamente alvejado pelos soldados.

E como iria o exército responder se palestinos pusessem pregos nas estradas para furar os pneus de veículos militares? Isto seria chamado de “sabotagem fria” e teria sido listado como um ato terrorista nas estatísticas. Quanto ao cunho desse ato, deve ser observado que foi dirigido deliberadamente contra uma ambulância militar enviada para resgatar um palestino ferido em choques com colonos a respeito da colheita de azeitonas. Tais exemplos são evidência do crescente extremismo que tem tido lugar nos últimos meses entre alguns dos colonos. Sem querer, esses extremistas estão provocando o terrorismo palestino.

Casos como o bloqueio de um veículo militar em Yitzhar, ou de chamar soldados de “nazistas” quando acompanhavam o administrador do plano de desligamento Yonatan Bassi, que não conseguiu chegar ao seu destino por causa da pressão. podem não ser tão sérios quanto os casos acima mencionados, mas é claro que a lei foi quebrada. Algum deles foi preso ou processado? Os ataques a trabalhadores palestinos nas colheitas de azeitonas e a vandalização de propriedades palestinas vêm acontecendo há anos. Ninguém está detendo os vândalores e agressores.

Altos oficiais no Comando Central estão dizendo, com preocupação, que costumavam ter certeza de que nenhum colono abriria fogo sobre soldados no caso de evacuação de assentamentos. E agora eles não estão tão certos. Eles dizem que há sinais de que grupos de extremistas entre os colonos estão agora totalmente fora de controle. Sua hostilidade não é apenas voltada contra os palestinos, mas também na direção de qualquer um que simbolize o regime israelense.

Espera-se que o Shin Bet (serviço secreto) saiba o bastante, e a tempo, sobre o que os extremistas estão planejando. Se não, o serviço secreto deve colocar essas informações como prioritárias. Enquanto isso, os extremistas enxergam o Shin Bet como um órgão hostil, contra o qual devem ser tomadas atitudes como auto-defesa, e assim passam para seus amigos e colegas orientações sobre como sabotar as atividades do Shin Bet.

O núcleo central dos colonos extremistas está no distrito de Samária [Norte da Cisjordânia] e não em Gush Katif [em Gaza]. Sabe-se que quando a evacuação de Gush Katif começar, as “pessoas dos topos das colinas” irão de Samária para Gaza, para se unir à luta contra o exército e a polícia enviados para evacuar os colonos que se recusarem a sair por própria vontade. O exército e a polícia são vistos por essas “pessoas dos topos das colinas” como representantes de um regime hostil.

O mesmo é verdade no norte da Cisjordânia. Dos quatro assentamentos a serem evacuados, existe um, Sa Nur, onde um grupo de extremistas têm declarado que recusarão ser evacuados. O lugar já foi uma aldeia de artistas, mas eles saíram e os novos ocupantes pegaram seu lugar. Como no caso de Gush Katif, o exército tem planos para executar na Samária. Esses planos foram preparados ainda antes de ser completado o tema da compensação.

O exército prevê que todas essas áreas atraiam gente de fora para tentar prejudicar a evacuação. Eles certamente tentarão criar novos postos avançados durante a evacuação ou reverter o cenário após a evacuação tentando reestabelecer o assentamento.

É perda de tempo procurar dissuadí-los com uma campanha de informação. Passos administrativos devem ser tomados contra eles, e suas armas confiscadas. Quando eles bloquearam o veículo militar em Yitzhar, deveriam ter sido imediatamente presos, ou a companhia deveria ter sido removida do assentamento. Se a situação é a de que os extremistas chegaram ao ponto de que tiros serão disparados, devem ser tomadas atitudes contra os extremistas, agora.

 

[ Publicado no Haaretz em 24/11/2004 e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

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