Solução de 2 Estados: Trocando 'não' por 'sim'

Já ouvimos demasiados 'NÃO's de lideranças comunitárias sobre a causa de nunca conseguimos chegar a um compromisso razoável para o conflito israelense-palestino.

Estamos transformando 10 desses 'NÃO's em 'SIM's à PAZ !

 

1. NÃO, não existe parceiro para a paz…

SIM, existe um parceiro. A atual liderança da Autoridade Palestina – o presidente palestino Mahmoud Abbas e o primeiro-ministro Salam Fayad – são os líderes palestinos mais moderados e mais pró-paz  que a Autoridade Palestina já teve.

Abbas indicou reconhecer as grandes concessões que os palestinos terão que fazer (inclusive no Direito ao Retorno) e o direito dos judeus a um lar na terra da Palestina.

Sob sua liderança, a Autoridade Palestina fez enormes avanços em segurança na Cisjordânia, construiu instituições governamentais palestinas nos últimos anos e abandonou discursos odiosos e incitamentos.

É preciso aproveitar esta oportunidade e buscar uma solução negociada de Dois Estados agora, com a atual liderança da Autoridade Palestina. Antes que seja tarde de mais.

2. NÃO, "Terra por Paz" não funciona. Devolvemos Gaza e tudo que ganhamos foram foguetes.

SIM, "Terra por Paz" ainda é a melhor – e única – fórmula para alcançar a segurança israelense e preservar o caráter judeu e os valores democráticos de Israel.

O desligamento de Gaza, porém, não foi um exemplo de negociação de terra por paz. A forma como Israel se retirou de Gaza – unilateralmente e sem arranjos negociados de segurança com a Autoridade Palestina – criou um vácuo de poder que o Hamas logo preencheu. 

Se tivesse havido uma retirada negociada, esta fortaleceria as lideranças palestinas moderadas, que apoiariam negociações com Israel para uma solução de Dois Estados. Em vez disto, a retirada deu força àqueles que promovem a guerra contra Israel.

3. NÃO, não podemos confiar no compromisso do presidente Obama com a segurança de Israel.

SIM, nós podemos. O presidente Obama tem demonstrado consistentemente, tanto em palavras quanto em ações, um forte compromisso com a segurança de Israel. 

O empenho de Obama por uma solução de Dois Estados para o conflito israelense-palestino é mais uma evidência de seu compromisso com a segurança de Israel – pois chegar a tal acordo é a única forma de Israel conseguir paz e segurança estáveis. É a única coisa que pode preservar os valores judaicos e democráticos de Israel.

4. NÃO, não podemos querer mais a paz do que os israelenses e palestinos.

SIM, e devemos buscá-la, independentemente da atmosfera política entre israelenses e palestinos. Este conflito não é apenas uma questão local de israelenses e palestinos. Ele afeta os interesses de segurança da região e do mundo todo.

É claro que qualquer acordo viável de paz terá que ser aceito por israelenses e palestinos.  E as pesquisas mostram consistentemente grandes maiorias – israelenses e palestinas – apoiando uma solução de Dois Estados.

A chave é como chegar lá, especialmente quando os sistemas políticos de ambos os lados tornam o progresso difícil.  Esta a razão de um papel forte da comunidade internacional ser tão necessário – para ajudar as partes a fazer as difíceis concessões necessárias para a paz, prover cobertura política para enfrentar as facções anti-paz de ambos os lados, empenhar incentivos e desincentivos importantes nos momentos certos, e sugerir propostas de aproximação que levem o processo adiante.

5. NÃO, jamais haverá paz enquanto o Hamas estiver no poder em Gaza.

SIM, o progresso é possível mesmo com o Hamas no cenário.

Uma resolução política do conflito israelense-palestino será avançada pela reconciliação dos palestinos. É por isto que são tão importantes esforços de terceiras partes para chegar a um governo de reconciliação e unidade, no qual o Hamas renuncie à violência e se engage no processo político.

As autoridades nesse governo de união trabalhariam dentro do processo diplomático para alcançar uma solução aceitável de Dois Estados. 

Israel já negocia indiretamente sobre Gilad Shalit com o Hamas e negociou cessar-fogos bem sucedidos no passado – portanto não é uma fantasia que Israel seja capaz de negociar com tal governo de união.

E importante: a forma mais eficaz de diminuir o poder e a popularidade do Hamas seria o presidente Abbas e o primeiro-ministro Fayyad conseguirem oferecer um Estado de fato para os palestinos – iniciando por uma vibrante e crescente democracia e economia na Cisjordânia. Nesse momento, os palestinos ficarão diante de uma escolha clara entre um país seguro, vibrante e progressista e um regime fundamentalista. Com esta opção, é bem possível que uma grande maioria dos palestinos escolha a abordagem pró-paz e pró-negociação. 

6. NÃO, a paz não será possível até que os palestinos reconheçam Israel como Estado judeu.

SIM a paz é possível já. O caráter judaico de Israel é uma questão de auto-identificação. Não importa se os palestinos – ou quaisquer outros – o reconheçam como tal. O que importa é que os palestinos reconhecem o direito de Israel existir – algo que o presidente Abbas já fez, tanto ao aceitar a solução de Dois Estados como ao indicar seu reconhecimento sobre o direito judeu a uma Pátria na histórica Terra de Israel. Algo que também a OLP já havia feito durante o processo de Oslo.

O que importa é que os líderes de Israel tomem os passos necessários para assegurar a maioria e o caráter judaico de Israel, através do fim da ocupação e uma urgente solução de Dois Estados. 

7. NÃO, não pode haver concessões sobre Jerusalém, porque ela pertence apenas a Israel e ao povo judeu.

SIM.  Deverá haver um compromisso com respeito a Jerusalém. A cidade terá que ser partilhada de alguma maneira. E isto será bom para Israel.

Jerusalém ocupa um espaço único nos corações do povo judeu. E também tem grande importância para cristãos e muçulmanos. 

Por causa destes significados é uma das questões mais difíceis de enfrentar na solução do conflito – e também uma razão pela qual temos que fazer tudo que pudermos para assegurar um futuro de paz para a cidade.

A única forma de o Estado de Israel permanecer seguro, judeu e democrático é através da solução de Dois Estados. E esta só é possível se as reivindicações de ambos os lados – israelenses e palestinos – forem reconciliadas.

Isto significa encontrar uma forma de Ierushalaim (a Jerusalém israelense) ser reconhecida como a capital de Israel, enquanto a Jerusalém Palestina (al-Quds), com seus 200.000 moradores palestinos seja reconhecida como capital da Palestina.

Este é o único caminho. E requer que se analisem as realidades locais e se desenvolva um plano razoável para partilhar a cidade.

Planos de paz anteriores incluíram parâmetros básicos – as áreas de Jerusalém habitadas por judeus ficariam sob soberania israelense e as palestinas sob soberania palestina. Haveria um cuidado especial para assegurar a acessibilidade de todos aos seus lugares santos.

8. NÃO. O atual conflito não é um impedimento para combater o terrorismo no Oriente Médio.

SIM é. Atores como o Irã continuam a usar o conflito em suas "guerras por tabela". Organizações terroristas como a Al-Qaeda continuam a usar o conflito como ferramenta de recrutamento. Relações com países aliados na região – como Egito, Turquia e Jordânia, entre outros – estão sendo minadas pelo conflito.
Conseguir um acordo regional de paz, através da solução de Dois Estados, ajudará a estabilizar a região e o planeta.  

9. NÃO, uma solução de Dois Estados é muito pouco e muito tarde. A única resposta é uma solução de um Estado binacional.

A solução de dois Estados é ainda possível (se bem que não o será sempre). É a única solução que preservará a segurança de Israel e os valores judeus e democráticos israelenses.

Israelenses e palestinos demonstram ainda, consistentemente, seu apoio a uma solução de Dois Estados.

O cenário de um Estado único é uma não-solução. É apenas uma receita para perpetuar a violência e o conflito.

O pessimismo quanto à viabilidade do processo de paz é preocupante. E continuará crescendo caso não possamos, urgentemente, chegar ao único acordo viável: uma solução de Dois Estados – Israel e Palestina.

10. NÃO. Israel não tem nenhuma responsabilidade pela situação atual. Israel sempre desejou a paz, mas os árabes recusaram. O conflito e tudo associado a ele foram 100% causados pelos árabes.

SIM, Israel tem responsabilidade pelo conflito israelense-palestino.

E SIM, também a têm os palestinos e países árabes.

Qualquer um que afirme que um dos lados é totalmente culpado – ou integralmente inocente – está ignorando realidades presentes e históricas.

O jogo das culpas precisa terminar. Tempo demais já foi desperdiçado por cada lado para atribuir culpas pela situação e justificar a imensa dificuldade de se ter a paz hoje.

O que importa agora são as realidades e a urgência da situação. Se não agirmos imediatamente para chegar a uma solução de Dois Estados, arriscaremos o futuro de Israel e a viabilidade de um futuro Estado da Palestina independente. 

 

Redigido por Lara Friedman (diretora de relações políticas e governamentais do Americans for Peace Now – www.peacenow.org), e Isaac Luria (vice-presidente de comunicações do J Street – jstreet.org). Traduzido e adaptado pelo PAZ AGORA | BR.

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