Fascismo não é sionismo

Fiquem alertas com a ameaça fascista

No começo do ano novo judaico, as pessoas passam o tempo com as famílias, esperam o melhor para o ano entrante e envolvem-se numa intensa introspecção. Será que isto se aplica a todos que vão às sinagogas?

Afinal, se olharmos para o que aconteceu no ano passado aqui, veremos, por exemplo, que alguns rabinos ensinaram a seguidores como matar crianças árabes; outros ultraortodoxos ashkenazim a não permitirem que as filhas estudassem com meninas judias orientais (mizrahiot).  Vimos também que nosso sistema legal foi desonrado, e que rabinos que vivem às custas da população dirigem seus seguidores em manifestações enquanto despejam lixo nas ruas.


Visão de Direita

Este bando obsceno é orquestrado por sua alteza, rabino Ovadia Yosef, um bem sucedido e prolífico comediante ‘stand-up’ (há 15 anos, prometeu organizar um grande baile para comemorar a minha morte, mas ainda estou aqui, viva e saudável).

Mas todos acima são doentes bem conhecidos. Recentemente, conhecemos a coisa vergonhosa que eles chamaram de “sionismo”.

Pelo que entendo, o movimento sionista foi criado para estabelecer um Estado soberano para o povo de Israel, em sua terra natal. Tivemos grande sucesso nesse empreendimento. Temos um país florescente e progressista, que constitui um lar para todo judeu que queira viver aqui. Eu mesma, sionista desde a idade de 12 anos (num movimento juvenil), jurei sobre a Bíblia, a arma e a bandeira na 9ª série e me alistei nas fileiras do movimento clandestino Haganá.

Cheguei à Cidade Velha de Jerusalém que, naquele tempo, estava sitiada e, depois do estabelecimento do Estado, continuei a servi-lo em muitas posições.Mas, apesar disto, não tenho idéia do que seja este “sionismo” de hoje.

 O tipo de “sionismo” que quer ditar a professores o que podem e o que não podem ensinar, exercendo pressões explicitamente antidemocráticas. Na verdade, os hábitos adotados por esses “sionistas” me despertam muita preocupação, pois são parecidos com os de Mussolini.

Não estou exagerando: abaixo estão algumas partes do credo do movimento fascista.Benito Mussolini

O filósofo fascista Giovanni Gentile escreveu sobre a natureza totalmente abrangente desta doutrina, que disse não se interessar apenas em organização e tendências políticas mas, também, nas vontades, pensamentos e sentimentos da nação.

Benito Mussolini

Benito Mussolini

O próprio Mussolini declarou que o fascismo acredita na santidade e no heroísmo, resiste ao socialismo, rejeita a possibilidade de igualdade para todos, e se opõe aos liberais nos campos da política e da economia. Para fascistas, disse, o Estado é um fato espiritual e moral em si próprio, sendo que o Estado fascista constitui o desejo pelo poder e imperialismo.

Para o fascismo, acrescentou, a aspiração pela expansão é uma expressão fundamental de vitalidade. Sua ausência é um sinal de decadência. Nações que renascem são sempre imperialistas, dizia.

Isto soa familiar? Membros da organização ‘Im Tirtzu’ devem observar profundamente as palavras e métodos de Mussolini. Talvez isso os faça tomar mais cuidado.

Im Tirtzu - a revolução fascista do sionismo

Im Tirtzu - a revolução fascista do sionismo

Os argumentos supostamente religiosos e a utilização da santidade das pedras e da terra – onde viveram gerações de árabes – estão acabando com os restos da moralidade em Israel. O que chamam  de “moralidade judaica”. Mas, não apenas os direitistas fingem não ver os direitos dos nativos na Terra de Israel. Nossos tribunais também perderam sua sensibilidade, levando a roubos baseados em decisões judiciais – como a expulsão de Sheikh Jarrah.

Já ficando madura, fico muito orgulhosa do que conquistamos como Estado soberano que acolhe judeus de todo o mundo.  Este é o sucesso do sionismo. Mas não consigo entender o “sionismo” esposado pelo movimento ‘Im Tirtzu’, o ‘Instituto para Estratégias Sionistas’, e seus similares.

O que é importante e sionista, na minha opinião, é se preocupar em eliminar a terrível pobreza entre nós, a violência, a carência de moradias, as vergonhosas demonstrações de racismo e o parasitismo dos ultraortodoxos haredim. Já tivemos suficientes fiscais de kashrut. Seria melhor ter estudantes de yeshivot alistando-se para o serviço nacional e servindo em suas comunidades. Com boa orientação, poderão fazer muitas mitzvót.

É importante manter em mente que a população de Israel é conhecida por suas mostras de solidariedade e voluntarismo em tempos de dificuldades. Esta gente se preocupa muito em acabar com a violência e erradicar a discriminação e prejuízos infligidos a cidadãos árabes e druzos e, principalmente, aos beduínos do sul.

Como nota final, aqueles que pretendem ser justos deveriam tratar com justiça os outros, aqueles que são na maioria cidadãos bem antigos deste país.

Eles, seus pais e seus avós precisam ser respeitados como cidadãos e como seres humanos.

Eles também merecem um Shaná Tová, um bom ano. Um ano melhor.

[ publicado no Ynet em 09|09|2010 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]


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