Sob protestos, Israel anuncia expansão em Jerusalém Oriental

O governo de Israel revelou nesta sexta-feira planos para a construção de 238 novas residências para assentados judaicos em Jerusalém Oriental. O anúncio gerou condenações dos palestinos, que querem esse território como capital de seu futuro Estado independente. Os planos para novas unidades habitacionais nos bairros de assentamentos de Pisgat Zeev (158) e Ramot (80) foram aprovados no fim da quinta-feira pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, informou o site Ynet.

Governo israelense anunciou construção de 80 unidades em Pisgat Zeev

Governo israelense anunciou construção de 80 unidades em Pisgat Zeev

A medida veio em um momento delicado nas negociações de paz entre israelenses e palestinos, que foram suspensas pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, após a recusa do premiê Binaymin Netanyahu em estender o prazo do congelamento da construção de assentamentos na Cisjordânia, expirado no dia 26 de setembro.

O negociador-chefe dos palestinos, Saeb Erakat, disse que a medida prova que Israel está tentando “matar” cada oportunidade de se retomar o diálogo pela paz entre os dois lados. O tema dos assentamentos israelenses tem sido o principal ponto de discórdia entre os dois lados.

O responsável por assuntos de Jerusalém do partido Fatah – partido do presidente Abbas – Hatem Abdel Kader, disse ao site de notícias Ynet que a publicação da nova licitação “detona” os esforços americanos para salvar o processo de paz: “Esse é o último prego no caixão do processo de paz, já agonizante”, afirmou Abdel Kader. Para o representante palestino, Netanyahu “preferiu manter sua coalizão extremista abrindo mão dos esforços para alcançar um acordo de paz”.

Anúncio oficial

Segundo o PAZ AGORA, esta é a primeira vez que o governo israelense anuncia oficialmente a construção de novas casas em Jerusalém Oriental, desde a polêmica causada durante a visita do vice-presidente Joe Biden a Israel, em março deste ano.

Na ocasião, o  anúncio da construção de 1.600 unidades habitacionais em Jerusalém Oriental gerou tensão entre Israel e os Estados Unidos, levando Netanyahu a instruir diversos órgãos do governo a “agir com cautela” em relação à ampliação dos assentamentos na cidade.

Israel chegou a impor antes uma moratória de 10 meses nas obras em assentamentos, mas essa medida já expirou. em 26 de setembro deste ano, apesar dos pedidos dos Estados Unidos, da ONU e de países europeus para que o governo israelense prolongasse o congelamento.

O congelamento nas construções não incluía Jerusalém Oriental –  que o governo do país define como parte integral da capital “eterna e indivisível” do Estado de Israel – mas Netanyahu evitou firmar projetos do tipo na época para evitar mais problemas políticos, segundo o Ynet.

Cerca de 200 mil israelenses moram na parte oriental de Jerusalém, que é reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. A área era habitada principalmente por palestinos, mas desde a anexação após a guerra dos seis dias em 1967 ela vem passando por um processo contínuo de colonização por parte das autoridades israelenses.

Mais 300 mil colonos moram no território palestino da Cisjordânia, em cerca de 150 assentamentos.

Altos funcionários do governo israelense, citados pelo jornal Yediot Aharonot, afirmam que Netanyahu sabia da novidade e inclusive havia coordenado esse passo com o governo dos EUA. “É uma decisão simbólica que, mesmo assim, levou um longo tempo para ser tomada”, afirmou um graduado funcionário do gabinete ao diário. “Os americanos pressionaram Netanyahu a esperar e atrasar a decisão por várias semanas. Nós não queremos brigar com eles e desobedecer as regras do jogo”, explicou a fonte, prevendo uma “condenação fraca” da notícia por Washington.

O ministro das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Aboul Gheit, declarou nesta sexta-feira que se Israel não prolongar o congelamento dos assentamentos, a Liga Árabe solicitará à ONU o reconhecimento do Estado Palestino. “Se Israel continuar construindo, a Liga Árabe estudará outras opções”, disse o chanceler egipcio.

Israel tomou Jerusalém Oriental dos árabes na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexou o território ao país pouco depois. A comunidade internacional, porém, não reconhece essa anexação. As informações são da Dow Jones.


[ fontes: Agência Estado e Guila Flint (BBC Brasil) ]

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