Diplomacia às avessas

Israel precisa parar de falar e começar a negociar

Como se a crise nas relações com a Turquia, a deterioração dos laços com o Egito e a Jordânia e a erosão da sua posição na Europa não fossem suficientes, os porta-vozes do governo israelense estão agora tantando de superar na promoção de aprofundar a ocupação dos territórios…

Lieberman: nem um milímetro!

Lieberman: nem um milímetro!

O ministro do exterior Avigdor Lieberman ameaçou na 4ª feira que uma decisão da ONU reconhecendo um Estado Palestino “terá conseqüências graves”. Seu vice, Danny Ayalon, propos a anexação dos blocos de assentamento na Cisjordânia e acelerar a construção nos assentamentos. O deputado Ofir Akunis (Likud ), próximo ao primeiro-ministro  Benjamin Netanyahu, não se contentou com anexar os ‘blocos’ – propôs aplicar a soberania de Israel sobre o território inteiro.

A preocupação quanto ao desastroso impacto que tão irresponsáveis reações  poderiam sobre a estabilidade da região, levaram Dennis Ross e David Hale, enviados do presidente Obama, assim como a chefe da União Européia para relações exteriores, Catherine Ashton, a Israel nesta semana.

Os três foram recrutados para um esforço de última hora para uma formula acordada para permitir a retomada de negociações diretas entre Israel e os palestinos e reduzir o perigo de uma irrupção de violência nos territórios.

Netanyahu: nem um milímetro!

Netanyahu: nem um milímetro!

Quando viajavam entre Ramallah e Jerusalém, os enviados descobriram que as partes estavam fincadas em suas posições. O presidente da AP, Mahmoud Abbas, insistiu em sua demanda de que as negociações sejam baseadas no discurso de Obama de 19 de maio (as fronteiras de 1967, com trocas territoriais mutuamente acordadas) e uma suspensão de 90 dias na construção dos assentamentos. Netanyahu insistiu que os palestinos concordem antecipadamente em reconhecer Israel como Estado-nação do povo judeu. E também rejeitou a demanda por Abbas de congelar a construção nos assentamentos.

Nem a crise com os palestinos no cenário internacional, nem o perigo de ela se deteriorar num confronto violento regional são determinadas pelo destino. Em vez de mostrar os músculos e disparar idéias insanas, o governo de Israel deveria cooperar intensamente com os representantes do Quarteto para encontrar uma solução criativa que interrompa esta deterioração.

Matar o processo de Oslo, desistir da solução de Dois Estados e perpetuar o domínio de Israel sobre milhões de palestinos, ameaçam sua própria existência como Estado judeu e democrático.

[ Publicado (em 16/09/2011 no Haaretz e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

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