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Yasser Arafat
CIDADE DE GAZA. Uma inesperada trégua no conflito do Oriente Médio foi obtida ontem, quando palestinos e israelenses decretaram cessar-fogo. A iniciativa partiu do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat, que ordenou às suas forças de segurança que não atirem em alvos israelenses, mesmo que estejam sob ataque. Mais tarde, o Ministério da Defesa israelense anunciou que estava cancelando todas as ofensivas contra os palestinos.
A decisão foi bem recebida pelos EUA e por diplomatas europeus. Eles acreditam que a medida irá ajudar a retomar as negociações de paz e contribuir para que o governo americano atraia a participação de países islâmicos em sua aliança contra o terror. Uma intensificação do conflito provavelmente colocaria este objetivo em risco.
— Estamos vendo uma promessa — disse o secretário de Estado americano, Colin Powell, que telefonou a Arafat para agradecer sua oferta de unir-se à aliança contra o terror.
Na última semana, 28 pessoas morreram
As ordens de cessar-fogo vieram depois de uma semana violenta, em que Israel intensificou as represálias a tiroteios palestinos entrando em vários povoados. Foram mortos 26 palestinos e dois israelenses em confrontos nos últimos dias.
— Esta manhã reiterei minhas ordens a todos os meus comandantes para que assegurem o cessar-fogo em todos os fronts, e em cada cidade, em cada vilarejo. Também os instruí a usar a máxima moderação diante de agressões e ataques israelenses — disse Arafat.
A declaração faz parte de sua mensagem aos israelenses pelo Ano Novo judeu, comemorado ontem, e foi feita logo depois de um encontro com mais de 30 diplomatas estrangeiros, na Cidade de Gaza.
— Nós, palestinos e israelenses, temos que trabalhar juntos para romper o ciclo de violência — declarou Arafat.
Reuniões serão retomadas só após 48 horas de trégua
Peres e Sharon
Horas depois, o primeiro-ministro Ariel Sharon ordenou a suspensão das operações israelenses e a retirada das tropas dos campos sob controle palestino.
— O mundo está enfrentando um perigo inacreditável e temos que deixar de lado confrontos secundários — disse o ministro do Exterior de Israel, Shimon Peres.
Os dois lados estavam sob intensa pressão americana para obter uma trégua, e o cessar-fogo pode levá-los de volta à mesa de negociações. Arafat e Peres deveriam ter se encontrado no domingo, mas a reunião foi suspensa por ordem de Sharon. Ontem, o primeiro-ministro disse que, se a trégua se mantiver por 48 horas, o encontro poderá ser retomado.
Um primeiro cessar-fogo foi decretado em junho, mas fracassou. A nova trégua não será mais fácil. Ontem o grupo islâmico Hamas declarou que não aceitará o cessar-fogo.
[ publicado em 19/09/2011 n’O Globo ]