Os soldados, nossos jovens, nossos filhos, estão morrendo por nada.

95ya

O obscurantismo do governo Sharon forma uma bandeira negra

O negro da guerra
O negro da dor
O negro da crueldade inaceitável
O negro da ocupação
O negro das cinzas
O negro da guerra do Líbano
O negro da violação dos direitos do homem
O negro da opressão
O negro é contrário à esperança.

O governo Sharon nos oferece um futuro negro.

Apesar de as pesquisas do final de semana mostrarem que a opinião pública apóia Sharon, estamos aqui porque é de nossa responsabilidade advertirmos e lembrarmos a população.

É nosso dever assegurarmos de que, dessa vez, não vamos levar 18 anos para compreender o fato: o Sharon de hoje é o mesmo Sharon da guerra do Líbano! Sharon não é um homem de Estado, não é um homem de paz. Ele foi e continua sendo um general. Sharon é um homem de guerra.

O terror é uma monstruosidade: dirigido contra os cidadãos, que tira a vida de crianças e adultos, jovens e velhos e que transforma os lugares de lazer em locais de morte.

Apesar das dificuldades e desse sofrimento insuportável, estamos todos aqui para dizer que esta guerra é uma enganação, e que a segunda guerra do Líbano de Ariel Sharon é uma tragédia, na qual israelenses e palestinos se agridem e se matam em nome da vingança e do ódio. Os soldados, nossos jovens, nossos filhos, estão morrendo por nada.

E em nome da vingança, em nome da defesa de nossas casas, o que fazemos? Nós reocupamos Ramala, Shchem (Nablus) ou Hebron. Não nos enganemos: não há dúvida de que a próxima etapa será reocupar Gaza. E as novas gerações crescerão lá e em seus corações não nutrirão nada além de ódio.

O Primeiro Ministro, o Ministro da Defesa e o Chefe de Estado-Maior nos dizem que combatemos a “estrutura do terror” e que fazemos isso através da reocupação. Mas eles não nos oferecem nenhuma política para combatê-lo.

Todos os generais, antigos e novos, nos oferecem:

A vingança no lugar de uma política de segurança
O ódio no lugar de uma política de calma
A dor de nossos filhos no lugar de uma perspectiva
O desespero no lugar da esperança
A invasão no lugar da retirada
A guerra no lugar de uma política !!!!

Há realmente alguém que creia, nas altas esferas governamentais, que seja possível oprimir um povo que combate por sua liberdade?

Poderemos conseguir, com todas as nossas divisões, brigadas, tanques e aviões, combater a “base humana do terror”? Ocupando, oprimindo, ferindo, prendendo, interrogando, cortando água e eletricidade, e impedindo que as ambulâncias socorram os feridos, poderemos acabar com a infra-estrutura humana do terror?

Estamos aqui porque não acreditamos nisso! Já assistimos a este filme de terror!!

Na realidade, trata-se de uma guerra pela reocupação. Em torno da mesma mesa, estão Shimon Peres, Effi Eitam e Fuad Ben-Eliezer, formando o novo partido de Sharon.

O mesmo Sharon que exigia sete dias de calma, começou hoje sua guerra de seis dias. Uma guerra de reconquista. Nós desejamos voltar às fronteiras de 67, mas Sharon nos trouxe de volta a guerra de 67. Dizemos: fim da ocupação. Sharon diz: adiante com a ocupação.

Esta guerra não é uma “guerra imposta”, é uma “guerra escolhida”. A escolha é conhecida e está gravada sobre a pedra: o plano Clinton. Trata-se de:

Fim da ocupação
Retorno às fronteiras de 1967
Duas capitais em Jerusalém
Evacuação das colônias
Direito de retorno ao Estado Palestino

Esta é a única escolha de que dispomos, não há outra. Todos os que se reunem aqui a apóiam. Pedimos apoio à Iniciativa Saudita . Pela primeira vez, o mundo árabe propôs um plano a Israel: a paz em troca de territórios.

Substituamos os três “NÃO” da cúpula de Cartum por três “SIM”:

 

Sim à paz
Sim à esperança
Sim à vida.


Zevaha Gal-On é deputada do Meretz no Knesset.

[ discurso que pronunciou em Tel Aviv, durante manifestação do PAZ AGORA | COALIZÃO PELA PAZ, no sábado 6 de abril, diante de mais de 15.000 israelenses  – traduzido por Carolina Meyer   para o PAZ AGORA|BR.


Comentários estão fechados.