EQUIPE DE MONITORAMENTO DE ASSENTAMENTOS DO PAZ AGORA: INFRAESTRUTUA DA OCUPAÇÃO DISPARA NA CISJORDÂNIA
Obras pretendem isolar as duas partes da Cisjordânia e as mesmas de Jerusalém!
Comitê de Finanças do Knesset deve aprovar U$10,2 milhões para antenas celulares na Cisjordânia
[ PAZ AGORA | 09/6/25 ]
Amanhã, 10 de junho de 2025, o Comitê de Finanças do Knesset deve aprovar uma solicitação orçamentária apresentada pelo Ministério das Finanças para um adicional de U$ 10.2 milhões para financiar a construção de antenas de celulares na Cisjordânia pela Administração Civil, com o objetivo de melhorar a cobertura de celular para os colonos.
Em contraste com a situação em Israel, onde as empresas de telefonia celular que fornecem serviços aos consumidores são obrigadas a construir suas próprias antenas para atender aos requisitos de licença, no caso dos assentamentos, o governo está alocando milhões de shekels para antenas que serão construídas por um órgão governamental.
De acordo com os detalhes dasolicitação de orçamento , as antenas serão construídas pela Administração Civil . Essas antenas serão alugadas para empresas de telefonia celular israelenses e palestinas.
PAZ AGORA: “O governo israelense há muito tempo deixou de se importar com os cidadãos israelenses e a periferia. Todas as suas ações visam mimar os colonos e aprofundar o controle israelense sobre os Territórios Ocupados. O uso de fundos palestinos para construir infraestrutura para os assentamentos é um roubo de gente despossuída e uma violação do direito internacional.”
Origem do dinheiro: Tirado dos palestinos para benefício dos colonos
A fonte orçamentária para o financiamento das antenas é o “Fundo da Administração Civil para o Desenvolvimento Regional”. Esse fundo é baseado em recursos arrecadados de residentes palestinos (por meio de apreensões, multas, etc.) e deveria beneficiar a população palestina. Embora as operadoras de telefonia celular palestinas também possam alugar o uso das antenas, suas localizações serão escolhidas de acordo com as necessidades dos colonos.
Esta não é a primeira vez que o governo utiliza fundos destinados aos palestinos para apoiar projetos de assentamentos. Em março passado, o gabinete aprovou a alocação de U$ 97,2 milhões de dólares desse fundo para pavimentar a ” Estrada da Soberania “, que permitirá o fechamento de áreas centrais da Cisjordânia aos palestinos.
O Governo subsidia empresas de segurança privadas para colonos de Jerusalém Oriental com centenas de milhões de dólares
[ por PAZ AGORA | 27/5/25 ]
De acordo com dados recentes publicados pelo Ministério das Finanças, somente em 2024, o governo israelense gastou aproximadamente U$ 29,3 milhões na operação de empresas de segurança privadas que protegem cerca de 3.000 colonos que vivem em bairros palestinos em Jerusalém Oriental, como Silwan, Ras al-Amud e outros. Esse valor equivale a cerca de 870 dólares por mês (!) por colono.
Guardas de segurança particulares ocupam postos permanentes estabelecidos na maioria das casas dos colonos e acompanham crianças e famílias de suas casas sempre que elas saem — para o trabalho, escola, atividades extracurriculares ou qualquer outro destino.
Orçamento de Segurança de Jerusalém Oriental
O orçamento para a segurança dos colonos em Jerusalém Oriental é efetivamente controlado pelos próprios colonos. A cada ano, os colonos ocupam casas e propriedades adicionais em bairros palestinos, e o Ministério da Habitação é obrigado a financiar a segurança desses novos locais. Assim, o orçamento de segurança dos colonos continua a crescer e inflar sem qualquer decisão ou diretiva formal da liderança política — em vez disso, é ditado pelos colonos, que criam fatos consumados.
O Ministério da Habitação possui diversas regulamentações orçamentárias relativas ao financiamento de segurança privada para colonos em Jerusalém Oriental, que mudaram ao longo dos anos. Nos últimos anos, elas incluem:
I“Segurança em Jerusalém Oriental”
“Segurança reforçada em Jerusalém Oriental”
“Novo Concurso para a Segurança de Jerusalém Oriental”
Um exame dessas linhas orçamentárias, comparando o orçamento original com os gastos reais, mostra que em quase todos os anos desde 1997, as despesas reais excederam significativamente o orçamento aprovado.
O orçamento regular é “flexível”[ 1 milhão de shekel = 290 mil dólares ]
Em 2019, o orçamento original era de 44 milhões de NIS, mas as despesas reais atingiram 91 milhões de NIS (incremento de 208%).
Em 2021, o orçamento original foi de 64 milhões de NIS, os gastos reais foram de 85 milhões de NIS (133%); em 2022, o orçamento original era de 34 milhões de NIS, os gastos reais foram de 83 milhões de NIS (246%).
Em 2023, o orçamento original era de 68 milhões de NIS, os gastos reais foram de 107 milhões de NIS (157%); em 2024, o orçamento original era de 38,6 milhões de NIS, os gastos reais foram de 101 milhões de NIS (262%).
O orçamento original para 2025 é de 93,2 milhões de NIS.
Autorização para Comprometimento:
Além do orçamento regular, o governo tem gasto quase anualmente dezenas de milhões de dólares em “autorização para comprometer”, um tipo de orçamento que abrange vários anos fiscais e não está incluído no orçamento anual regular. A autorização para comprometer totalizou: 42 milhões de NIS em 2019, 100 milhões de NIS em 2021 e 31 milhões de NIS em 2023.
Vale ressaltar que nos últimos sete anos, tais autorizações nunca foram aprovadas antecipadamente no orçamento original — sempre foram adicionadas ao longo do ano.
De 1997 até o final de 2024, o governo gastou mais de 754 milhões de dólares para proteger um pequeno grupo de colonos em Jerusalém Oriental.
Uma empresa privada em vez da polícia
O fornecimento de segurança para colonos em bairros palestinos em Jerusalém Oriental pelo Ministério da Habitação começou sob Ariel Sharon, que atuou como Ministro da Habitação no final da década de 1980. Sharon então estabeleceu um mecanismo completo para transferir propriedades palestinas em Jerusalém Oriental para organizações de colonos e decidiu que o Ministério da Habitação financiaria sua segurança privada.
Até hoje, o Ministério da Habitação continua a financiar e administrar o projeto de segurança dos colonos de Jerusalém Oriental, embora a polícia seja o órgão oficialmente responsável pela segurança dos cidadãos israelenses, embora a segurança não seja da competência do Ministério da Habitação e apesar dos problemas significativos envolvidos na mobilização de agentes privados armados em uma área volátil como Jerusalém Oriental.
Já houve casos no passado em que civis foram feridos por guardas de segurança durante confrontos, como o caso de Milad Ayyash, de 17 anos , que foi morto a tiros por fogo vindo do prédio dos colonos “Beit Yonatan” em Silwan, e Samer Sarhan , que foi baleado por um guarda em Silwan.
Desde a década de 1990 , muitos ministros da Habitação têm tentado acabar com a anomalia da responsabilidade do Ministério da Habitação pelas tarefas de segurança em Jerusalém Oriental , mas sem sucesso. Em 2005, o então Ministro da Habitação, Isaac Herzog, nomeou um “Comitê Público para Examinar a Guarda e a Segurança dos Complexos em Jerusalém Oriental”, presidido pelo Major-General (res.) Ori Or (“O Comitê Or”).
O comitê examinou como a segurança dos colonos em Jerusalém Oriental estava sendo conduzida econcluiu inequivocamente que, por razões operacionais, de segurança, econômicas e legais, a responsabilidade total pela segurança dos colonos deveria ser transferida para a Polícia de Israel.
Apesar das recomendações do comitê e dos esforços da sucessora de Herzog, a Ministra Tzipi Livni, o governo — sob pressão das organizações de colonos — decidiu bloquear as recomendações e, em vez disso, resolveu continuar fornecendo segurança por meio de guardas particulares sob o Ministério da Habitação.
O Ministro da Habitação, Ariel Atias, também tentou , na época, transferir a responsabilidade pela segurança dos colonos para a Polícia de Israel, mas sem sucesso. Os colonos de Jerusalém Oriental têm interesse em preservar o atual acordo conveniente, no qual recebem segurança privada 24 horas por dia, às custas do Estado, e exercem pressão para impedir a transferência dessa responsabilidade para a polícia.
O Gabinete decidiu construir estrada que fechará o coração da Cisjordânia aos palestinos
[ por PAZ AGORA | 30/3/ 25 ]
O Gabinete de Segurança decidiu ontem à noite (29/3/25) alocar US 97,2 milhões para a construção de uma estrada entre Elazariya e A-Za’im, conhecida como a “Estrada do Tecido da Vida” ou “Estrada da Soberania”. Na prática, a construção da estrada criaria um sistema rodoviário separado para israelenses e palestinos (uma estrada do apartheid), o que permitiria a Israel fechar uma vasta área no coração da Cisjordânia aos palestinos, desviando o tráfego palestino para um desvio especial, e anexar toda a área de Ma’ale Adumim a Israel e construir o plano E1 . Por esta razão, o Ministro da Defesa Naftali Bennett, que iniciou o planejamento da estrada, chamou-a de “Estrada da Soberania” na época. Na Administração Civil, a estrada é conhecida como a “Estrada do Tecido da Vida” porque se destina a permitir que os palestinos mantenham um tecido de vida depois que Israel fechar toda a área para eles.
Além disso, o gabinete decidiu alocar 2,9 milhões de dólares para o planejamento de uma estrada de Belém a Jericó (conhecida como “Road 80 Substitute“), que permitirá o movimento de palestinos do sul da Cisjordânia em direção a Jericó e à Jordânia após Israel fechar o centro da Cisjordânia aos palestinos. Vale ressaltar que esta é apenas uma etapa inicial da preparação dos planos.
PAZ AGORA : Ao contrário do que o governo afirma oficialmente, esta estrada não serve para melhorar o transporte palestino. Em vez disso, visa apenas facilitar a anexação de uma vasta área, aproximadamente 3% da Cisjordânia, a Israel. O cinismo do governo não tem limites, pois busca construir a estrada com recursos extraídos dos frutos do controle israelense sobre os Territórios Ocupados — recursos que, por lei, são destinados ao benefício da população palestina. Este projeto representa um grave revés para Israel, e pretende eliminar a possibilidade de pôr fim ao conflito e de uma Solução de Dois Estados.
Fundos
Em março de 2020, quando Naftali Bennett era Ministro da Defesa de Israel, ele aprovou a construção de uma estrada exclusiva para palestinos entre as cidades palestinas de Elazariya e a-Za’im. A estrada é retratada como um “tecido da vida” para os palestinos e visa permitir que veículos palestinos viajem do sul da Cisjordânia para o norte sem passar pelo “bloco de assentamentos Ma’ale Adumim”. Atualmente, o tráfego palestino do sul da Cisjordânia para o norte (ou vice-versa) viaja para o norte de Belém em direção a Abu Dis e Elazariya, depois vira para o leste ao longo do assentamento Ma’ale Adumim, depois para o norte em direção a Hizma e de lá para Ramallah. Como os palestinos não têm outro caminho de norte a sul, os governos de Israel se abstiveram de construir a planejada barreira de separação ao redor do “bloco de assentamentos Ma’ale Adumim”. Quando a nova estrada estiver pronta, o governo de Israel poderá desviar o tráfego palestino para ela e, assim, fechar toda a região do acesso palestino, anexando efetivamente a área de Ma’ale Adumim (composta por E1, muitos outros assentamentos e postos avançados, bem como grandes porções de terras palestinas adicionais).
Além disso, a criação de um sistema rodoviário separado para israelenses e palestinos permitiria que o sistema de segurança isolasse a área de Ma’ale Adumim de palestinos sem a construção da barreira de separação planejada. Na prática, isso também permitiria a remoção do posto de controle de a-Za’im entre Ma’ale Adumim e Jerusalém, deslocando-o para o leste, fora da área de Ma’ale Adumim (próximo ao sítio do Bom Samaritano), a leste do assentamento de Kfar Adumim. A remoção do posto de controle permitiria o movimento contínuo dos colonos de Ma’ale Adumim e da área circundante até Jerusalém, sem controles de segurança e congestionamentos, e sem a sensação de que estão vivendo fora das fronteiras do Estado de Israel.
O objetivo: Apartheid e anexação
Em uma declaração emitida pelo prefeito de Maa’al Adumim há alguns anos, ele revelou explicitamente e sem linguagem diplomática os verdadeiros objetivos da estrada: permitir o fechamento de uma vasta área no centro da Cisjordânia para os palestinos, desviando-os para a estrada e, assim, tornar o espaço parte integral do Estado de Israel.
A mensagem do prefeito de Ma’ale Adumim é uma boa maneira de abordar, em linguagem explícita e direta, a política de separação e apartheid por trás do plano, revelando a verdadeira intenção de Israel de transformar a parte central da Cisjordânia de uma região palestina em uma região anexada por Israel, e minando um futuro Estado Palestino.
Em relação às mudanças no terreno, a mensagem afirma que a estrada “levará ao fechamento da entrada de Elazariya da nossa cidade [Ma’ale Adumim], avançará na construção da cerca de segurança entre nós e Elazariya e permitirá o movimento do posto de controle de a-Za’im em direção a Mishor Adumim”.
O prefeito afirma que Ma’ale Adumim será fisicamente separada do território palestino por uma cerca e que não haverá necessidade do posto de controle atualmente localizado entre Ma’ale Adumim e Jerusalém para impedir a entrada de palestinos em Israel. O posto de controle será movido para o leste, para que os moradores de Ma’ale Adumim não precisem passar por uma travessia a caminho de Jerusalém todos os dias, e os palestinos serão impedidos de entrar no espaço entre Jerusalém e Ma’ale Adumim e mais a leste dele.
“Esta é uma estrada segregada de palestinos na área E1, cujo objetivo é separar a rota de transporte entre a população palestina e a israelense na área, para que os veículos palestinos possam se mover sem passar pelo Bloco Ma’ale Adumim, perto dos assentamentos judaicos.”
Em outras palavras, o objetivo da estrada é separar o movimento palestino, que trafegará por uma estrada, dos israelenses e dos “assentamentos judaicos”, que trafegarão por outras estradas em um espaço separado. Os palestinos serão impedidos de acessar o que é conhecido como “bloco Ma’ale Adumim”.
A mensagem continua e explica as implicações políticas da estrada: “Na esfera política, a estrada conectará Jerusalém e Ma’ale Adumim e permitirá a construção de assentamentos judaicos na área E1”.
O impacto nas comunidades palestinas
A construção da estrada terá um impacto fatal para o futuro Estado Palestino e para toda a região no coração da Cisjordânia. No entanto, também terá um impacto fatal e direto sobre os palestinos que vivem perto ou dentro da região.
Dezenas de comunidades beduínas, como al-Khan Al-Ahmar, que residem na região, ficarão isoladas do restante da Cisjordânia, essencialmente por não terem nenhuma estrada de acesso que as ligue ao restante da Cisjordânia. Isso pode levar ao deslocamento de milhares de palestinos que hoje residem nessas comunidades.
Além disso, as comunidades de Wadi Jamal e Jabal Al-Baba, localizadas perto da estrada planejada, que abrigam centenas de palestinos, ficarão isoladas de seus arredores devido à construção da estrada. Não se sabe como eles conseguirão atravessar a estrada e chegar às suas casas.
Além disso, a estrada passa por cima de casas já construídas na comunidade de A-Saraiya, localizada na Área B. Isso significa que essas casas serão demolidas. A demolição das casas, como todo o processo, é realizada em virtude de ordens de apreensão militar, que permitem às autoridades israelenses o uso temporário do terreno para fins de segurança.
O Plano de Israel: Contiguidade Transportacional em Vez de Contiguidade Territorial
A nova estrada visa permitir que os palestinos passem sob a rota da barreira de separação e viajem “dentro” do Bloco Adumim ao longo de um muro sem entrar no lado “israelense”, como em uma espécie de túnel. Uma vez pavimentada a estrada, Israel poderá alegar que a construção em E1 e a construção da barreira ao redor do bloco Adumim não separam a Cisjordânia porque os palestinos têm uma rota de transporte alternativa. Esse argumento é absurdo. Uma linha tênue de estrada conectando seções territoriais separadas – contiguidade de transporte – não atende às necessidades de viabilidade territorial para o desenvolvimento e a subsistência dos palestinos na área metropolitana crítica de Ramallah-Jerusalém-Belém. Sem contiguidade territorial real, um Estado Palestino independente não pode ser estabelecido e prosperar e, portanto, uma Solução de Dois Estados não pode ser alcançada.
A Solução de Dois Estados depende da possibilidade de estabelecer um Estado palestino viável ao lado de Israel. O coração do futuro Estado Palestino, geográfica, econômica e culturalmente, está na metrópole entre Ramallah, Jerusalém Oriental e Belém. Uma das únicas áreas com potencial de desenvolvimento que restam para essa metrópole são as áreas a leste de Jerusalém, na mesma área onde Israel pretende construir o assentamento E1 e criar um continuum territorial israelense de Jerusalém para o leste, que efetivamente cortaria a Cisjordânia ao meio.
Oficialmente, a estrada planejada é definida como uma “estrada de segurança”. A justificativa para sua construção foi a intenção de construir uma barreira de separação ao redor do bloco de assentamentos de Ma’ale Adumim, o que é definido como uma necessidade de segurança. Como consequência disso, há a necessidade de construir uma estrada que permita a continuidade do “tecido vital” dos palestinos que viajam de norte a sul da Cisjordânia.
Por ser definida como uma via de segurança, não é submetida à aprovação do Conselho Superior de Planejamento da Administração Civil. Consequentemente, o público não tem a oportunidade de se opor a ela, como em um processo formal de planejamento .
Aparentemente, isso se deve ao fato de o Estado de Israel não ter autoridade oficial para planejar esta estrada, visto que partes significativas dela passam pela Área B (veja o mapa). De acordo com o Acordo Provisório de 1995 com os Palestinos, a autoridade de planejamento na Área B é concedida apenas à Autoridade Palestina. Para contornar isso, o Ministério da Defesa optou por definir a estrada como uma estrada de segurança. As terras tomadas para sua construção não passam por um processo de confisco para fins públicos , mas sim por um processo de apreensão militar e, portanto, o processo de planejamento é feito a portas fechadas.