Como ganhar apoio para Israel no campus?

 

David Bernstein, o novo presidente do Jewish Council on Public Affairs, escreveu no JTA na semana passada sobre um importante fenômeno que impacta o ativismo e o debate sobre o conflito israelense-palestino: a interseccionalidade –  a aliança com outros grupos ativistas – na Universidade .

Bernstein observou que o BDS – Movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel vem construindo alianças com outros grupos sociais, enfatizando a solidariedade entre palestinos e outros povos oprimidos. Ele sugeriu que, em resposta, os grupos pró-Israel têm que trabalhar com outros temas de justiça social e desenvolver suas parcerias próprias e fortes.

O fenômeno que Bernstein descreveu é real e importante. E os apoiadores de Israel precisam acordar para o que está acontecendo. Mas é errado ver a interseccionalidade em si como uma estratégia cínica do BDS ou um pensamento ideológico tolo de estudantes ingênuos.

De fato, o conceito vai bem além da questão israelense-palestina. É hoje uma parte importante da vida nos campi universitários.

Num tempo em que observações xenofóbicas são lugar comum para alguns dos nossos candidatos presidenciais, muita gente sente uma necessidade urgente de se posicionar pela igualdade e justiça social. Os mesmos valores que motivam estudantes a se alinhar com o Black Lives Matter nos compelem a nos colocar contra a islamofobia de Donald Trump ou a guerra conservadora contra as mulheres.

Os estudantes veem conexões entre as diferenças injustiças, e queremos ser capazes de trabalhar juntos para combatê-las – ser bons aliados.

Bernstein está correto ao dizer que a comunidade pró-Israel precisa aprender como ser um bom aliado para grupos progressistas, trabalhando pra acabar com várias formas de opressão. Mas ele não pareceu claro sobre o que implica ser um aliado.

Parcerias progressistas são baseadas em valores comuns. Os estudantes pró-Israel não deveriam procurar trabalhar com movimentos como o Black Lives Matter como um “toma lá, dá cá” – “Se eu te ajudar, você nos ajuda” – mas porque eles estão com uma raiva autêntica contra um racismo sistêmico. E querem ajudar a por um fim nele. Só um compromisso genuíno de apoiar a justiça social pode ganhar o respeito de grupos progressistas com os quais a comunidade pró-Israel quer ter parceria.

Demonstrar esse compromisso não significa apenas se unir em batalhas contra injustiça aqui nos Estados Unidos. Muitos movimentos progressistas vêem a ocupação de Israel relacionada às mesmas injustiças que eles combatem em suas próprias comunidades. Precisamos levar a sério suas preocupações. Acabar pacificamente com a ocupação israelense é uma questão legítima e importante de justiça social – e a comunidade pró-Israel deve trata-la como tal.

Pessoalmente, a interseccionalidade me ajudou a encontrar sentido nas minhas experiências, como mulher de cor muçulmana.  À medida que cresci e desejei me opor ao racismo, sexismo e outros sistemas de opressão, cheguei à faculdade procurando um lugar para exercitar meus valores, onde ou pude ser progressista e orgulhosa de todas as facetas da minha identidade.

Para mim, o J Street U proporcionou esse espaço porque é uma organização pró-Israel que é tão compromissada com a paz e segurança para os palestinos como o é para os israelenses. Somos um movimento de gente que reconhece as injustiças que os palestinos enfrentam e estamos determinados a trabalhar para uma solução. Através do J Street U, aprendi que é possível ser, ao mesmo tempo, pró-Israel e progressista.

O conflito israelense-palestino é complexo e ambas as partes têm responsabilidades. Há instâncias onde ativistas em alguns grupos progressistas de solidariedade não reconhecem essas nuances, o que é frustrante. Mas nenhuma pessoa razoável e honesta pode negar que os palestinos merecem direitos civis e auto-determinação, de que estão privados por quase 50 anos.

Enquanto a comunidade institucional pró-Israel ignorar a ocupação e tratar seus efeitos sobre palestinos e israelenses como insignificantes ou marginais, ela continuará a se distanciar dos progressistas. A comunidade pró-Israel tem que fazer mais para se opor à ocupação e defender uma solução de Dois Estados que garanta segurança, liberdade e autodeterminação para israelenses e palestinos, caso deseje fazer parte de alianças progressistas.

Nós temos a responsabilidade de fazê-lo, se desejamos ser aliados de verdade. Não apenas pelos palestinos, mas pelos israelenses, que merecem viver em segurança num Estado judeu, sem medo de violência.

Pode o establishment  pró-Israel ficar em silêncio, enquanto a ocupação se aproxima do seu 50º aniversário, e ainda esperar que estudantes progressistas o levem a sério quando diz que está fazendo tudo o que pode para apoiar direitos civis e justiça social para todos?  A resposta é óbvia.

Podemos falar o que quisermos sobre a importância de alianças como estratégia de relações comunitárias para combater o movimento BDS. Mas, até que a comunidade pró-Israel se mostre séria sobre a Ocupação e apoie mudanças significativas nas vidas de palestinos e israelenses, nós não teremos – e não mereceremos – muitos aliados progressistas.

 

Amna FarooqiAmna Farooqi, nova líder eleita do J Street U | 19|08|2015

 

David Bernstein, o novo presidente do Jewish Council on Public Affairs, escreveu no JTA na semana passada sobre um importante fenômeno que impacta o ativismo e o debate sobre o conflito israelense-palestino: a interseccionalidade –  a aliança com outros grupos ativistas – na Universidade .

Bernstein observou que o BDS – Movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel vem construindo alianças com outros grupos sociais, enfatizando a solidariedade entre palestinos e outros povos oprimidos. Ele sugeriu que, em resposta, os grupos pró-Israel têm que trabalhar com outros temas de justiça social e desenvolver suas parcerias próprias e fortes.

O fenômeno que Bernstein descreveu é real e importante. E os apoiadores de Israel precisam acordar para o que está acontecendo. Mas é errado ver a interseccionalidade em si como uma estratégia cínica do BDS ou um pensamento ideológico tolo de estudantes ingênuos.

De fato, o conceito vai bem além da questão israelense-palestina. É hoje uma parte importante da vida nos campi universitários.

Num tempo em que observações xenofóbicas são lugar comum para alguns dos nossos candidatos presidenciais, muita gente sente uma necessidade urgente de se posicionar pela igualdade e justiça social. Os mesmos valores que motivam estudantes a se alinhar com o Black Lives Matter nos compelem a nos colocar contra a islamofobia de Donald Trump ou a guerra conservadora contra as mulheres.

Os estudantes veem conexões entre as diferenças injustiças, e queremos ser capazes de trabalhar juntos para combatê-las – ser bons aliados.

Bernstein está correto ao dizer que a comunidade pró-Israel precisa aprender como ser um bom aliado para grupos progressistas, trabalhando para acabar com várias formas de opressão. Mas ele não pareceu claro sobre o que implica ser um aliado.

Parcerias progressistas são baseadas em valores comuns. Os estudantes pró-Israel não deveriam procurar trabalhar com movimentos como o Black Lives Matter como um “toma lá, dá cá” – “Se eu te ajudar, você nos ajuda” – mas porque eles estão com uma raiva autêntica contra um racismo sistêmico. E querem ajudar a por um fim nele. Só um compromisso genuíno de apoiar a justiça social pode ganhar o respeito de grupos progressistas com os quais a comunidade pró-Israel quer ter parceria.

Demonstrar esse compromisso não significa apenas se unir em batalhas contra injustiças aqui nos Estados Unidos. Muitos movimentos progressistas vêem a ocupação de Israel relacionada às mesmas injustiças que eles combatem em suas próprias comunidades. Precisamos levar a sério suas preocupações. Acabar pacificamente com a ocupação israelense é uma questão legítima e importante de justiça social – e a comunidade pró-Israel deve trata-la como tal.

Pessoalmente, a interseccionalidade me ajudou a encontrar sentido nas minhas experiências, como mulher de cor muçulmana.  À medida que cresci e desejei me opor ao racismo, sexismo e outros sistemas de opressão, cheguei à faculdade procurando um lugar para exercitar meus valores, onde ou pude ser progressista e orgulhosa de todas as facetas da minha identidade.

Para mim, o J Street U proporcionou esse espaço porque é uma organização pró-Israel que é tão compromissada com a paz e segurança para os palestinos como o é para os israelenses. Somos um movimento de gente que reconhece as injustiças que os palestinos enfrentam e estamos determinados a trabalhar para uma solução. Através do J Street U, aprendi que é possível ser, ao mesmo tempo, pró-Israel e progressista.

O conflito israelense-palestino é complexo e ambas as partes têm responsabilidades. Há instâncias onde ativistas em alguns grupos progressistas de solidariedade não reconhecem essas nuances, o que é frustrante. Mas nenhuma pessoa razoável e honesta pode negar que os palestinos merecem direitos civis e auto-determinação, de que estão privados por quase 50 anos.

Enquanto a comunidade institucional pró-Israel ignorar a ocupação e tratar seus efeitos sobre palestinos e israelenses como insignificantes ou marginais, ela continuará a se distanciar dos progressistas. A comunidade pró-Israel tem que fazer mais para se opor à ocupação e defender uma solução de Dois Estados que garanta segurança, liberdade e autodeterminação para israelenses e palestinos, caso deseje fazer parte de alianças progressistas.

Nós temos a responsabilidade de fazê-lo, se desejamos ser aliados de verdade. Não apenas pelos palestinos, mas pelos israelenses, que merecem viver em segurança num Estado judeu, sem medo de violência.

Pode o establishment  pró-Israel ficar em silêncio, enquanto a ocupação se aproxima do seu 50º aniversário, e ainda esperar que estudantes progressistas o levem a sério, quando diz que está fazendo tudo o que pode para apoiar direitos civis e justiça social para todos?  A resposta é óbvia.

Podemos falar o que quisermos sobre a importância de alianças como estratégia de relações comunitárias para combater o movimento BDS. Mas, até que a comunidade pró-Israel se mostre séria sobre a Ocupação e apoie mudanças significativas nas vidas de palestinos e israelenses, nós não teremos – e não mereceremos – muitos aliados progressistas.

 

[ publicado no HAARETZ  e no JTA  em 17|01|2016 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

Missão do J Street U


J Street University

J Street University
Somos o braço organizador universitário do J Street, o lar político para os americanos pró-Israel, pró-paz.

Somos um movimento de escopo nacional de capítulos em campus, defendendo e educando em faculdades e universidades e no Parlamento para uma liderança americana, vigorosa e sustentada para facilitar uma solução negociada de Dois Estados para o conflito israelense palestino.

Estamos profundamente comprometidos em assegurar o futuro de Israel como lar nacional democrático para o povo judeu, o que só pode ser garantido através de uma Solução de Dois Estados.

Sabemos que os destinos de ambos os povos são entrelaçados. A defesa de Israel necessita advogar também um Estado Palestino. Nós defendemos e apoiamos o direito de ambos os povos, judeus e palestinos à soberania e segurança em países democráticos e autogovernados.

Reconhecemos que a atual ocupação e o assentamento nos territórios palestinos é politicamente insustentável e moralmente inaceitável. Queremos um Israel que respeite e garanta os direitos humanos e civis de todos os seus habitantes, um Israel que viva em paz com os seus vizinhos ao longo de fronteiras reconhecidas. um Israel que reflita a promessa da sua declaração de independência  — ser um país “baseado nos preceitos da liberdade, justiça e paz”.

Muitos de nós somos estudantes frustrados por uma clima polarizado em nossos campi e com uma conversa estreita sobre política, onde muitas vezes a culpa do conflito é colocada ou inteiramente sobre Israel ou toda sobre os palestinos.

Muitos de nós são americanos inspiradas pelos ideais democráticos de liberdade, respeito a lei e igualdade. Muitos de nós são judeus que esperam que nossa comunidade viva pelos valores do debate, do conhecimento e da busca por justiça, ensinados como centrais, em nossa tradição.

Nos campi espalhados pelos Estados Unidos, estamos nos organizando como estudantes, para agir juntos a favor de uma Solução de 2 Estados e um futuro mais pacífico, seguro e democrático para ambos, israelenses e palestinos.

Assim fazendo, lutamos para trazer aos nossos campi e às nossa comunidades uma conversação inclusiva,  pragmática e norteada por valores, capas de corresponder à urgência e seriedade dos desafios que enfrentamos.

[ fonte: www.jstreetu.org | traduzido pelo PAZ AGORA|BR em  21|01|2016  ]

 

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