Contra a Anexação, por motivos Morais | Assista> ‘a Verdade sobre a Anexação’


QUEBRANDO O SILÊNCIOCONTRA A ANEXAÇÃO


A iniciativa de anexação do governo Netanyahu deve ser detida. Ponto.

Mas devemos chegar a este balanço definitivo e enfático pelas razões mais essenciais.

No passado, por razões táticas, ante todo o esforço para atrair audiências mais amplas na esquerda, pecamos ao apresentar nossas posições apresentando motivos e considerações que não estavam no centro do assunto.

Este foi um movimento errado, que nos fez perder mais do que ganhamos. A intenção de encobrir uma posição ética e de princípios envolvendo-o em considerações utilitárias não só foi percebido (justificadamente) como não autêntico, mas que também debilitou nossa oposição a alguns movimentos fatídicos, minando nossa crença central na necessidade de ter uma sociedade mais justa aqui.

Desde o lançamento do plano Trump, houve muitas pessoas advertindo sobre o efeito de bola de neve que se produziria caso se realizassem as visões de anexação da direita israelense. Os três principais cenários do pesadelo, discutidos pelos opositores à anexação foram o colapso da Autoridade Palestina, que conduziria a uma terceira Intifada, a anulação dos Tratados de paz com Jordânia e Egito, e a imposição de sanções por parte da União Européia. Ainda que devamos examinar a validade destas advertências, também devemos colocar dois argumentos éticos essenciais no centro da discussão.

 

The Truth About Annexation

If we don't act now, we will all pay the price. A must see video.

Posted by Breaking the Silence on Monday, June 29, 2020

Apesar da declaração da Autoridade Palestina de deter a coordenação com Israel e jogar os Acordos de Oslo pela janela, é muito possível que, a curto e médio prazo, seus líderes tenham que engolir a anexação e evitar movimentos irreversíveis.  Caso se considere a ameaça de colapso da AP, o primeiro resultado provável seria uma onda de lutas intra-palestinas, o que ajudaria Israel a fortalecer seu controle militar nos territórios e estabelecer um regime de apartheid permanente e oficial.

É quase seguro que Mahmoud Abbas preferiria não contribuir para tornar este cenário uma realidade. O mesmo ocorre com o prognóstico do colapso dos acordos de paz com a Jordânia e o Egito: servem aos interesses de ambas as partes firmadas, razão para que nenhum dos países se apresse a renunciar a eles.

O medo de uma resposta européia severa tampouco deve motivar a oposição aos movimentos de anexação. Durantes 53 anos, Israel violou o direito internacional nos territórios, e os europeus  só reagiram com expressões de preocupação e protestos diplomáticos corteses.

A aliança que o primeiro-ministro Netanyahu forjou com líderes populistas de direita, como Viktor Órban da Hungria, lhe facilitará o bloqueio de iniciativas para impor sanções a Israel.

A isto, devemos agregar a campanha efetiva que identifica todas as críticas à política israelense como antissemitismo, que logra silenciar e paralisar muitos altos funcionários da União Européia e da Europa. Portanto, não é ridículo supor que a anexação não lançará um novo capítulo na relação entre Israel e o continente.

No lugar destas advertências, devemos colocar no centro da oposição à anexação duas razões essenciais que não dependem de nenhum cenário específico:

Em primeiro lugar, a anexação é imoral!  Fortalecerá a natureza do apartheid da ocupação israelense de Cisjordânia, convertendo-se em um regime de apartheid de jure em ambos os lados da Linha Verde.

Tal medida terá efeitos práticos dramáticos, incluída uma expansão significativa da caixa de ferramentas à disposição do governo e dos conselhos regionais que buscam expandir seus roubos de terras dos palestinos.

Isto se pode fazer aplicando a ‘Lei de Propriedade Ausente’ à área, e também expropriando terras para “fins públicos”, que durante a noite incluirão os colonos. Em Jerusalém Oriental, esta foi a base para expropriar um terço da área anexada, e pode-se supor que na Cisjordânia será utilizada na maior parte da terra, que passará a fazer parte do Estado de Israel, para construir novos assentamentos e ampliar as existentes.

A segunda razão é a imagem e o caráter do Estado de Israel. Durante a era da escravidão nos Estados Unidos e do apartheid na África do Sul, houve quem se beneficiou da ordem social que estava consagrada em lei à época. Uma pessoa justa não está interessada em que a sociedade na qual vive imite suas formas.

Qualquer um que viva em um país que foi fundado como resultado de uma Resolução da ONU, baseada no direito à autodeterminação, teria que trair a si mesmo para negar aos nativos que vivem junto a nós esse mesmo direito.

No passado, Netanyahu caçoava das advertências de Ehud Barak, que dizia “o tsunami diplomático está a caminho”. Bibi respondia: “Que tsunami, que isolamento, que bobagem… O Estado de Israel está numa floração diplomática sem precedentes”.

Não devemos retomar essa partida de ping-pong exaustivamente familiar com a direita, em que os esquerdistas predizem o pior, o público em geral não se impressiona e tudo continua como de costume. Este padrão parece validar a posição da direita, que utiliza uma prova das advertências da esquerda como se corroborasse sua posição imoral.

Isto só fortalece a tendência populista, como se o fato de que tudo seja possível faça que tudo seja correto. Nosso trabalho é deixar claro que isto não é assim. A oposição à anexação não é utilitária. A luta contra o apartheid oficial e permanente é a base de uma sociedade justa.

É melhor nos basearmos nos fundamentos da verdade.

  • Yehuda Shaul é um dos fundadores do “Breaking de Silence” = “Shovrim Shtiká”

[ por Yehuda Shaul | Haaretz | 28|06|2020 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR]


Encontro com ativistas do Breaking The Silence (espanhol) promovido pelo J-Amlat em 28|06|20

Posted by J-AmLat on Sunday, June 28, 2020

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