J-Link – Organizações Judaicas de Todo o Mundo contra Anexação

Organizações judaicas da América Latina e do mundo pedem para frear a anexação da Cisjordânia

O J-Link, rede internacional de organizações judias progressistas, leva adiante uma campanha que se aproximou de diplomatas israelenses de mais de 30 consulados e embaixadas de todo o mundo, apresentando uma mensagem de oposição a esta anexação unilateral.

Organizações judias na Argentina e em todo o mundo iniciaram uma campanha pública para tentar deter o plano do primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu de anexar parte da Cisjordânia, um território que o país ocupa desde 1967 e que, asseguram, “põe em perigo a segurança e a democracia de Israel”.

A campanha é organizada desde o início deste ano pela J-Link, uma rede de organizações judias progressistas -como se autodefine -, que nas últimas semanas se aproximou de diplomatas israelenses de 18 consulados e embaixadas de todo o mundo, com uma mensagem de oposição à anexação unilateral, segundo declarou Kenneth Bob, presidente da organização liberal sionista norte-americana Ameinu.

O plano israelense, que recebeu enérgicos rechaços, inclusive de alguns países aliados e cuja implantação estava prevista para o 1º de julho, não foi anunciado nesse dia. Mas autoridades israelenses insistem em que “certamente ocorrerá em julho”.

Na Argentina, um grupo de ativistas vinculados à J-Link – a rede que aglutina a mais de 100 organizações de judeus progressistas e está presente em 17 países–  enviou uma carta à embaixatriz de Israel no país, Galit Ronen, na qual lhe solicitam uma reunião virtual “a fim de estabelecer um canal de diálogo” e expressar sua postura em relação ao projeto de anexação.

“Centenas de milhares não estamos representados por essa decisão. E podemos sofrer conseqüências muito graves e negativas em virtude dela”, explicou à Télam Roberto Faur, coordenador dos Argentinos Amigos de Paz Ahora, um dos grupos firmantes da missiva à qual também aderem Meretz Argentina, Llamamiento Argentino Judío, a Unión de Jóvenes Judíos Argentinos e Mujeres por la Paz.

[ Este grupo de instituições argentinas está conectado a outros de países da América Latina, através da J-AmLat, que por sua vez está ligado às comunidades progressistas de todo mundo – como J-Call (União Européia), J-Street (Estados Unidos) – e instituições de Israel, Austrália e África do Sul, todas reunidas em torno do J-Link, que busca a paz no Oriente Médio através da coexistência de Dois Estados para Dois Povos – Israel e Palestina – NT ]

Uma solicitação similar foi apresentada em embaixadas e consulados de Israel em mais de 30 países, com variadas respostas, contou Faur. E detalhou que no Chile e México e alguns países europeus foram recebidos  (em reuniões virtuais, pelas limitações que impõe a pandemia do coronavírus), [ com cordialidade, deixando as portas abertas para futuros diálogos – NT]

A representação na Argentina se limitou a responder via email, enviado por uma assistente da embaixatriz, que informou que Ronen estava “alocada a abordar outros interesses, e dado que isto (a anexação) não havia sucedido, não fazia muito sentido falar sobre temas que não sabemos se irão ou não ocorrer no futuro”.

Adriana Potel, de Mulheres pela Paz, grupo que nasceu depois da massiva ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza em 2014 e hoje reúne mais de 50.000 mulheres em Israel, opinou no diálogo com a Télam que o projeto de anexação “é uma escalada de violência que não leva a nada” e enfatiza que “temos que nos animar para falar de paz” em Israel, onde “as mulheres começam a ter voz “.

[ No Brasil, foi feita tentativa formal de agendar uma conversa entre o embaixador de Israel e uma delegação de cinco instituições filiadas ao J-AmLat-BR. Não houve nenhuma resposta do embaixador.  Por outro lado, foi feita uma campanha de adesões ao Apelo do J-Link (o mesmo documento entregue ao embaixador). O documento, até o momento, recebeu o apoio de 10 instituições e 340 membros de comunidades brasileiras de Manaus a Porto Alegre, e pode ser lido e apoiado no final desta mensagem. -NT]

Em seu comunicado global, o J-Link concluiu que “a anexação unilateral é ilegal segundo o direito internacional e contradiz todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU relacionadas com o conflito entre Israel e Palestina”.

A rede internacional de organizações judias também destacou que esta decisão “significará a desaparição da solução de Dois Estados e eliminará qualquer esperança que o povo palestino tenha à autodeterminação através de meios não violentos”.

ANEXAÇÃO É RUIM PARA ISRAEL

ANEXAÇÃO É RUIM PARA ISRAEL

Por outro lado, o J-Link advogou “um Israel pacífico, seguro e democrático, respeitoso da lei internacional e os direitos humanos, com a contínua esperança de uma solução negociada ao conflito entre Israel e Palestina sobre a base da fórmula respaldada pela comunidade internacional de Dois Estados para Dois Povos.”

A iniciativa israelense, que se baseia no chamado plano de paz que os Estados Unidos apresentaram a princípios do ano e que foi taxativamente rechaçado pelo governo palestino, colheu nas últimas semanas enérgicos rechaços, inclusive entre habituais aliados de Tel Aviv.

Passagem para Cisjordânia

Passagem para Cisjordânia

Um deles foi o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que num editorial publicado na semana passada no diário de maior circulação de Israel, o Yediot Achronot, se manifestou “particularmente preocupado pela possibilidade de uma anexação da Cisjordânia”.

“Espero profundamente que a anexação não siga adiante. Se a fizer, o Reino Unido não reconhecerá nenhuma mudança nas fronteiras de 1967, exceto as acordadas entre as partes”, advertiu o premier.

Também dentro de Israel, partidos de esquerda e grupos anti-ocupação reuniram milhares de pessoas, judeus e árabes, contra a iminente decisão do Governo de Netanyahu.

Se espera que a administração do presidente Donald Trump brinde Israel com a “luz verde” para seguir adiante com a anexação, mas os alcances e os prazos ainda não foram determinados.

Praticamente toda a comunidade internacional considera a Cisjordânia como um dos territórios ocupados militarmente por Israel após a chamada Guerra dos Seis Dias em 1967, em que Israel arrebatou a região da Jordânia.

Pese a que o direito internacional proíba a transferência de população do país ocupante ao território ocupado, Israel fomentou, financiou e planificou de maneira sistemática a construção e consolidação de colônias nessa região.

Atualmente, cerca de 500.000 israelenses vivem nas 132 colônias da Cisjordânia.

[ Publicado pela TELAM – Agência Argentina de Notícias em 06|07|20  ]
[
Tradução e complementos pelos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA]


APELO CONTRA A ANEXAÇÃO DA CISJORDÂNIA


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