Zeev Sternhell z’L, historiador israelense morre aos 85 anos



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Zeev Sternhell foi um historiador, cientista político, comentarista e escritor israelense nascido na Polônia. É reconhecido, mundialmente, como um dos mais importantes especialistas em fascismo.

O cultuado cientista político recebeu o Prêmio Israel em 2008. Por muitas décadas foi uma das principais vozes que alertavam contra a erosão da democracia israelense, como resultado do domínio militar sobre a Cisjordânia.

Pesquisador do fascismo francês, militante comprometido pela paz com os palestinos, opositor da direita em ascensão em seu país, o historiador Zeev Sternhell, uma das principais figuras intelectuais e políticas da esquerda de Israel, faleceu neste domingo, 21 de junho aos 85 anos.

Nascido em Przemyśl, Polônia em 1935, perdeu o pai em combate no início da Segunda Guerra Mundial. A mãe e a irmã foram assassinadas pelos nazistas. Em plena perseguição aos judeus e construção dos campos de concentração, seus tios o fizeram passar por um menino católico.

Em 1946 foi levado à França por um trem da Cruz Vermelha, renunciando à sua identidade cristã. Mudou sozinho para Israel em 1951, pouco depois da criação do Estado. Teve sua formação acadêmica no Instituto de Estudos Políticos de Paris e na Universidade Hebraica de Jerusalém.

“O estabelecimento do Estado foi como a criação do mundo para mim”, disse ao Haaretz em 2008. “Não sou apenas um sionista, sou um super-sionista. Para mim, o sionismo foi e continua sendo o direito dos judeus a controlar sua destino e seu futuro… Os judeus foram privados do direito de reger suas próprias vidas e isto foi restaurado pelo sionismo. Este é o seu significado profundo”.

Como soldado ou reservista, Sternhell lutou na crise do Suez em 1956, na Guerra dos Seis Dias em 1967, na Guerra do Yom Kipur em 1973 e na Primeira Guerra do Líbano em 1982.

Autor de ensaios como “Nem Direita nem Esquerda: a Ideologia Fascista na França”, Sternhell se interessou sobretudo pelas “raízes francesas do fascismo” e desejava um “exame de consciência”.

Para o historiador, o governo colaboracionista francês de “Vichy não foi um parêntese, e sim algo precedido e preparado, por textos e teorias, organizações…”. Apesar de ser um grande francófilo, ele criticava “uma interpretação indulgente sobre a França”, de acordo com um de seus ex-alunos, Denis Charbit, professor universitário em Israel.

Para as novas gerações, foi a pessoa que “abriu um campo considerável de análise sobre o fascismo francês”.  Tornou-se uma das mais respeitadas autoridades mundiais em História do Fascismo.

Professor de Ciências Políticas na Universidade Hebraica de Jerusalém, Sternhell gostava de deixar sua torre acadêmica para demonstrar compromisso, mesmo com perigo para sua vida, lutando pela paz com os vizinhos árabes e palestinos.

Zeev Sternhell

Ganhou fama como acadêmico, tornando-se um pesquisador internacionalmente famoso sobre o fascismo, estudando o nascimento do nazismo, mas criticando crescentemente Israel como tomando um caminho similar, até dizer em 2014 que o Estado judeu estava mostrando “características fascistas”.

Foi crítico de primeira hora da decisão de Israel manter a Cisjordânia, as Colinas de Golan e a Faixa de Gaza, que o país conquistara em 1967 da Jordânia, Síria e Egito, respectivamente.  Liderou uma campanha para persuadir o Partido Trabalhista, então no governo, a acabar com o conflito israelense-árabe, abrindo mão de terras.

Em 1998, declarava: “Assim como as conquistas de 1949 eram uma condição essencial para a fundação de Israel, a tentativa de reter as conquistas de 1967 tem um forte sabor de expansão imperial”.

O historiador do fascismo francês, cujo trabalho despertava controvérsias, teve uma jornada de militância ligada à esquerda israelense e ao PAZ AGORA, do qual foi co-fundador. Foi um homem intelectual e engajado, promovendo incansavelmente a paz com os palestinos e denunciando os perigos e abusos dos direitistas e populistas da sociedade israelense.

“… Eles acreditam que pisoteando os direitos de palestinos em nome de nossos direitos exclusivos a esta terra, em virtude de um decreto divino, solo da história judaica com uma mancha irreparável… qualquer um que defenda tais posições, atrairá para Israel como um todo o estigma do mundo: e, se isto acontecer, não será o antissemitismo…”

Em setembro de 2008, em meio a uma onda de ameaças e atentados contra ativistas do PAZ AGORA, foi ferido na perna direita após a explosão de uma bomba, plantada por um terrorista judeu, quando saía de casa. “O problema não é Zeev Sternhell ou um ataque contra a pessoa de Zeev Sternhell, é um problema da sociedade, político. Nossa sociedade é cada vez mais violenta”, afirmou na ocasião.

Em 1973 participara na guerra do Yom Kippur. Depois, foi co-fundador do PAZ AGORA, movimento de massas que cresceu em manifestações favoráveis às negociações, que culminaram com a paz com o Egito.

Zeev Sternhell recebe o Prêmio Israel 2008

Zeev Sternhell recebe o Prêmio Israel 2008

Sternhell, por muitos anos, defendeu que o crescimento da direita estava lentamente erodindo a democracia israelense. Em 2014, disse que mesmos os que ainda acreditavam em Israel como democracia, não seriam capazes de fazê-lo no futuro.

Em seu último editorial no Haaretz, em abril, Sternhell citou o militar Israel Tal , que disse após a Guerra do Yom Kipur em 1973: “Nós podemos agora anunciar nosso reconhecimento da entidade palestina. Isto poderia ser o início de um processo de paz e de nossa integração na região”. Mas não tivemos um estadista visionário para fazer as ações diplomáticas para evitar a guerra e não temos tal líder para agora promover um processo de paz.

Sternhell escreveu: “Estas observações soam como se tivessem sido feitas hoje.  Os dois [ex) Chefes do Estado Maior [Benny Gantz e Gabi Ashkenazi], agora entrando no governo, … devem considerá-las muito seriamente”.

O PAZ AGORA lamenta a perda do seu veterano companheiro e conselheiro. Continua em sua luta contra o desenvolvimento de assentamentos judaicos nos territórios ocupados em 1967, tema crítico hoje, pois Netanyahu anunciou a próxima anexação de grandes partes da Cisjordânia, o que significaria “a morte da Solução de Dois Estados”, condição para uma paz justa e duradoura com os palestinos.

Assine o apelo ao final.

[fontes: AFP, La Paix Maintenant, The Times of Israel, Haaretz | Edição: PAZ AGORA|BR ]


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