A.B. Yehoshua e a Solução de Dois Estados.

A.B. Yehoshua e a Solução de Dois Estados.

A.B. Yehoshua sempre se opôs à idéia de apagar as fronteiras, particularmente entre judeus e palestinos. Por que, então, quase nonagenário, ele está promovendo a Solução de um Estado Binacional?

[ por Avi Garfinkel | Haaretz | 17|12|2021 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

A.B. Yehoshua.

Na maior parte da sua vida, o escritor A.B. Yehoshua, que completou 85 anos no início deste mês, viveu em cidades mistas (judias/árabes): Jerusalém e Haifa. E durante aproximadamente o mesmo tempo ele vive em Givatayim, uma das cidades mais homogêneas de Israel.

O respeitado escritor deu uma virada de 180 graus. Após apoiar a Solução de Dois Estados por 50 anos, anunciou em uma série de artigos de opinião, que passou a considerar essa solução inviável.

O que precisa ser feito agora, escreveu, “é dar a todos os árabes da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental a cidadania no escopo de um único Estado conjunto judeu-árabe”.

Em 2016 ele sugerira que Israel começasse imediatamente a conceder status de residência e cidadania a aproximadamente 100.000 árabes que viviam na Área C da Cisjordânia (sob controle israelense), ecoando o plano do então ex-diretor-geral do Conselho Yesha de Assentamentos, Naftali Bennett, o atual primeiro-ministro.

Não é todo dia que uma pessoa maior de 80 anos muda sua opinião, e não é qualquer sociedade que experimentou uma revisão de abordagem como essa, por parte de seu maior escritor vivo, muito menos numa questão que tem dividido a sociedade desde a fundação do Estado: o conflito com os árabes.

O espanto é ainda maior se levarmos em conta o fato de que nos seus escritos – ensaios ou ficção – Yehoshua frequentemente se expressou com firmeza contra a idéia de apagar fronteiras em geral, e particularmente entre judeus e palestinos.

“Após a Guerra dos Seis Dias, a fronteira, que é a pedra-angular de qualquer [exemplo de] soberania no mundo, começou a ser apagada. Embora não tivéssemos anexado o território que conquistamos… nós anulamos a existência física de uma fronteira clara entre os dois diferentes povos, e começamos a nos dispersar em assentamentos – novamente emulando a Diáspora – dentro do tecido da vida de outro povo...

… Hoje [na segunda intifada] estamos pagando o preço da falta de fronteiras, numa forma sombria e encharcada de sangue, porque todos os dias um inimigo entra no sistema circulatório do nosso ser, sem que ao menos sejamos capazes de identificá-lo…

“Os palestinos estão numa situação de insanidade, que lembra a insanidade do povo alemão durante o período nazista. Olho com pavor para a profundidade do ódio suicida com que palestinos se relacionam a nós. Também os alemães se referiam a nós com o mesmo tipo de ódio. Isso é algo que precisa ser esclarecido: o que está acontecendo entre nós e outros povos entre os quais vivemos. O que trouxe os alemães e o que está trazendo os palestinos para possuírem tanto ódio de nós… A substantiva, quase anárquica, ausência de fronteiras na identidade judaica que se aninha dentro de uma identidade diferente, naturalmente desperta resistência”.

Como essas citações (de 2002) mostram, a nova instância não é uma mudança pequena por parte de Yehoshua. Na verdade, exatamente a coisa que ele apontava como o problema – o apagamento de fronteiras, a não-separação entre judeus e palestinos – ele agora indica como sendo a solução!

Até poucos anos atrás, Yehoshua apresentou a incursão na esfera do outro e a ausência de uma fronteira clara entre um Eu e o Outro como fonte de inimizade e violência. Essa também é a explicação que ele ofereceu para o antissemitismo que tinha como alvo os judeus na diáspora: Precisamente porque os judeus eram tão adeptos a se integrar à sociedade circundante, eles geravam medo e ódio entre os gentios, que temiam a penetração tortuosa e clandestina por um corpo estranho dentro deles. (É interessante notar neste contexto que o livro infantil de Yehoshua de 2005 “Tamar and Gaya’s Mouse” é sobre a incursão e “naturalização” de um rato na casa de uma família, e descreve o rato em termos que lembram os estereótipos de um judeu diáspórico: “pequeno garoto- rato”, “rato muito inteligente”, “rato astuto” e também “muito miserável”).

Decerto, não é só o Yehoshua ensaísta, mas também o Yehoshua escritor de ficção, que atribui imensa e positiva importância à noção de limites. Os romances e contos de Yehoshua estão repletos de invasões e incursões de indivíduos em áreas e lugares proibidos. Dificilmente há um trabalho dele sem um personagem que tenta atravessar algum limiar, entrar em uma sala desconhecida, ter acesso a um site que é barrado a ele, violar a privacidade, ou contaminar ou profanar algum tipo de sacralidade por sua própria presença,

  • No romance “Fogo Amigo” (2007), o protagonista é perguntado: “Por que vocês judeus podem penetrar em todos os tipos de lugares estrangeiros e se estabelecer na alma de outras pessoas?” Esse conceito também é altamente aposto ao jovem árabe Na’im no primeiro romance de Yehoshua, “O Amante” (1977), particularmente no final do livro, quando Na’im completa sua integração camuflada na sociedade judaica, enquanto exibe domínio da obra do poeta nacional judeu, Chaim Nachman Bialik.

Em uma entrevista para o mensuário judaico-americano Sh’má, Yehoshua afirmou que seu romance mais longo, “A Noiva Liberada“, de 2001, também poderia ter sido intitulado “Fronteiras“. O romance descreve uma produção bilíngue, em um festival de poesia em Ramallah, de “O Dybuk”, o trabalho judaico paradigmático que lida com o perigo da penetração de um corpo estranho no Eu.

De forma geral, a carreira literária de Yehoshua é caracterizada por um engajamento recorrente com limites. Desenhar fronteiras antes que um desastre aconteça, Yosef Mani implora aos seus vizinhos árabes em “Mr. Mani” (1990), “Obtenha uma identidade antes que seja tarde demais!” Yosef, no entanto, não atende a seus próprios conselhos e não consegue proteger suas fronteiras, quando decide “penetrar em um lugar do qual os judeus foram barrados”: Yosef é morto por seu pai no Monte do Templo, ou seja, o Monte Moriah, o excelente exemplo de “um lugar do qual os judeus foram barrados”. A imagem dos ensaios da mistura letal de diferentes sangues ressoa no início de “Sr. Mani”, quando uma criança que recebe uma transfusão morre aparentemente por “tipos sanguíneos incompatíveis”

Yehoshua, em sua nova postura em favor de um Estado compartilhado por judeus e palestinos, está aqui cumprindo o papel tradicional do mentor espiritual nas culturas do Extremo Oriente, a pessoa que nos guia nesse processo e nos ajuda a desmantelar nossos muros do ego.

Um dos sinais de demência de Luria, o protagonista do romance de 2018 “O Túnel”  é sua tendência a entrar em lugares onde não deveria estar e abrir portas proibidas (como a da Casa da Ópera). Não é por acaso que ele cozinha pratos indeterminados e que quebram fronteiras, como “uma quiche de macarrão entrelaçado como o cérebro humano”.

Similarmente, Zvi, amigo do narrador na história de 1965 “Três Dias e uma Criança“, invade o narrador quando invade seu apartamento, o que quase leva à sua morte, quando é mordido por uma cobra que havia sido libertada lá. A intrusão de Zvi na relação entre o narrador e seu parceiro, por quem Zvi está apaixonado, evoca a intrusão édipiana de uma criança entre seus pais e deixa claro a natureza primitiva e universal de invadir território proibido. Como muitos dos personagens fictícios de Yehoshua, o narrador de “Três Dias e uma Criança” infunde essa perigosa tendência à invasão com um aspecto nacional-local quando, por iniciativa própria, ele faz sua aula em uma caminhada em Jerusalém antes de junho de 1967 e cruza a fronteira com os alunos.

 

O que pode explicar uma transformação tão extrema da abordagem?

Yehoshua, por sua vez, oferece duas explicações: o reconhecimento de que a Solução de Dois Estados não é viável, e a preocupação com as imagens morais tanto dos judeus quanto dos palestinos. Do ponto de vista puramente lógico, essas razões podem ser suficientes. No entanto, uma mudança tão dramática de coração também pode ter raízes mais profundas, como Yehoshua,, que sempre se baseou em motivos psicanalíticos em seu trabalho, seria sem dúvida o primeiro a reconhecer.

Como observou o psicólogo Amos Prywes, que escreve uma coluna online na edição hebraica do Haaretz, o psicanalista Emmanuel Gant viu a aspiração de romper os limites de nós mesmos e retornar a um estado de unidade primária com o mundo, como um impulso humano universal. Yehoshua, em sua nova posição em favor de  um Estado compartilhado por judeus e palestinos, está cumprindo o papel tradicional aqui do mentor espiritual nas culturas do Extremo Oriente, a pessoa que nos guia nesse processo e nos ajuda a desmantelar nossos muros de ego – ou um muro literal no caso israelo-palestino. Assim, em 2002, no auge da segunda intifada, quando escreveu as observações estridentes citadas acima na condenação da quebra de fronteiras, Yehoshua disse ao poeta Yotam Reuveni em uma entrevista: “Os árabes da Terra de Israel fazem parte da minha identidade. Eles são um componente dentro da identidade desta terra. Assim, sinto por eles calor humano e até mesmo uma certa intimidade… Eles não são estranhos, mesmo quando são inimigos. Eu os sinto também dentro de mim.”

A police car burns, Lod, last May. The chain is no stronger than its weakest link.

< Tumultos em Lod

Em outras palavras, o que Yehoshua proibia era de fato – como é frequentemente o caso de muitas proibições – o que ele talvez desejasse acima de tudo. Em “A Journey to the End of the Millennium” (1997), o protagonista, Ben Attar, desfruta de casamentos com duas mulheres, que se contentam em dividir o mesmo marido – assim como os judeus e os palestinos estão fadados a partilhar o mesmo Estado. Pistas adicionais do desejo de se misturar podem ser encontrados no romance de 1994 “The Return from India” (“Open Heart” na versão em inglês), que é cheia de diversas tentativas de dissolver as fronteiras do self e se fundir com o Outro, “de acordo com a delicada filosofia budista de que não fomos duas almas entrando numa ligação eterna, mas apebas dois rios, cada um seguro na profundidades e independência de sua própria corrente, e não seriam ameaçados se nossas águas fossem levemente misturadas”, Numa reversão ha estória da criança em “Mr. Mani,” em “Open Heart,” a vida de Einat é salva graças à transfusão de sangue oferecida pelo protagonista,

A paixão pela unidade é particulrmente visível em “Molcho” (“Five Seasons” em inglês), um romance de 1987, no qual o protagonista é perseguido por imagens do Muro de Berlim e da Jerusalém dividida. Após a morte da sua esposa, que havia sido tão meticulosa com fronteiras e não se alojar em casas de estranhos, Molcho se liberta e faz exatamente isso, A morte da sua amada esposa, embora trágica e triste também o libera para seus desejos ocultos, entre os quais o impulso universal descrito pelo analista Gant, de quebrar as fronteiras entre si mesmo e o estrangeiro.

União de extremistas

Mas, como observa Prywes, “Existe uma linha tênua entre se descobrir dentro do mundo do Outro e perder-se nele. Entre expandir e tornar flexíveis as fronteiras do self, e o sentimento de que elas estão sendo estouradas e engolidas. Entre a experiência de se dar e a se se submeter”. Nesta conexão, devemos lembrar o romance de 2015 de Michel Houellebecq, “Submission,” cujo título é tanto uma tradução literal da palavra “Islã” como um cenário de pesadelo no qual um país secular cristão perde sua identidade e seus valores liberais devido à ascensão ao poder de migrantes muçulmanos fundamentalistas.

As revoltas, os linchamentos e os incêndios, assim como outros distúrbios que explodiram em maio passado, mostraram que a coexistência árabe-judaica dentro das fronteiras da Linha Verde não repousam sobre uma base concreta e estável, mas sobre uma camada fina de gelo.

Com respeito à perda de identidade, Yehoshua se contradisse. Em seu artigo no Haareta em 2018, ao esposar o Estado Binacional, ele escreveu que “a identidade jucaica (seja como é interpretada) existiu por milênios como uma pequena minoria dentro de nações grandes e poderosas, portando não há razão para que ela não exista também num Estado israelense, mesmo que este contenha uma minoria palestina tão grande que  ele possa ser chamado de um Estado Binacional”. Entretanto, isto é diferente do que ele disse ao escritor Dror Mishani naquele mesmo ano, numa entrevista após a publicação de “The Tunnel”:

Mishani: “Na história dos shabazim [acrônimo para palestinos que vivem em Israel sem autorização] nas ruínas nabatéias, você estaria insinuando que se nós fizéssemos menos da nossa ‘identidade’, se fossemos esquecer dela e permitir que ela desmonorasse, uma nova identidade emergeria aqui? Assim como hoje não existe a identidade dos nabateus, possivelmente no futuro não existiria um identidade ‘israelense’?”

Yehoshua: “Sem dúvida. Veja como tentamos nos amarrar a uma identidade judaica e como ela nos escapa.  Precisamos  implantar uma forma diferente de pensar sobre a nossa identidade, no Estado Binacional em que já estamos, gostemos ou não”.

 

O risco do Estado Binacional

A idéia de Um Estado representa um perigo não só para a identidade judaica, mas também para o corpo judeu (e palestino) – o perigo de uma realidade bósnia ou ruandesa, iemenita ou síria:  uma guerra civil letal, encharcada de sangue, com dezenas ou mesmo centenas de milhares de mortos. É verdade que tudo é possível, então talvez nós, judeus e palestinos, tenhamos sorte em deixar para trás o passado sangrento. pondo um fim às guerras e aos ciclos de reação e vingança. Mas, e se isso não acontecer? O risco não alto demais? Qual imagem o Estado Binacional assumirá quando tiver uma maioria árabe, um primeiro-ministro, ministro da defesa e chefe do estado-maior palestinos?

Como reagirão os milhões de novos cidadãos palestinos quanto foguetes forem atirados da Faixa de Gaza para Israel? Eles não usarã seu direito democrático a decidir oferecer o direto de retorno dentro das fronteiras da Linha Verde a milhões de refugiados palestinos? E qual a imagem moral possuirá tal Estado, no qual chauvinistas judeus e árabes, religiosos fanáticos e homofóbicos constituirão a sólida maioria da população?

Por que precisamos lembrar:  A união que está sendo proposta não é apenas entre A.B. Yehoshua e Sari Nusseibeh [pacifista palestino e ex-reitor da Universidade de Al-Quds], mas também – e principalmente – entre [os nacionalistas fanáticos] Itamar Ben-Gvir, Bezalel Smotrich e Elor Azaria, de um lado, e de suas contrapartes palestinas [do Hamas], que continuam financiados pelo Irã. Por que principalmente? Porque a corrente não é mais forte do que o seu elo mais fraco.  Toda rusga entre vizinhos, acidente de carro ou pequeno ato de violência envolvendo indivíduos dos dois povos no Estado Binacional poderia deteriorar para um caos generalizado.

Neste ponto da discussão, intelectuais da esquerda radical normalmente surgem e explicam, na tradição de Karl Marx e outros, que preocupações sobre uma guerra civil entre judeus e árabes são medos irracionais em nós inculcados pelo Estado – o resultado de mentiras do sistema educacional sionista, traumas do Holocausto explorados por líderes manipulativos e sedentos de poder, e cultivados pela mídia desejosa de vender mais, incitamentos de Benjamin Netanyahu e outros atos de lavagem cerebral destinados a criar sujeitos obedientes a serviço do projeto colonial israelense.

Esta visivelmente não é a visão de Yehoshua, que é ciente dos perigos que seu plano contém, o que admitiu francamente. Para aqueles que desdenham dos temores de uma solução de Estado Binacional, vale lembrar que ninguém pode prever o futuro, e recomendamos a leitura da Convenção [Covenant] do Hamas e outras declarações de seus líderes. E o Hamas hoje tem o apoio da maioria dos palestinos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental  – notadamente aqueles para quem Yehoshua deseja oferecer cidadania e direito a voto no Estado conjunto.

Falando de Marx: Ele seria o primeito a entender a debilidade do otimismo sobre as perpectivas de vida pacífica entre árabes e judeus dentro de um escopo de Estado Binacional, à luz da vasta disparidade econômica entre os povos; afinal, o PIB per capital em Israel e nove vezes o vigente na Autoridade Palestina.  Numa novela espirituosa recente, um motorista italiano explica à filha judia de família rica que o fato de que os judeus às vezes se distinguirem não os torna mais amados. A novela é chamada “The Only Daughter” e o nome do seu autor é A.B. Yehoshua (a versão em inglês deve sair em 2022). A dificuldade de realizar a visão do Estado Binacional tem assim também uma dimensão econômica, que o autor conhece bem.

Yehoshua publicou sua visão do Estado Binacional em 2018, e desde então, a realidade mostrou outra refutação à sua análise. Naquele tempo, há 3 anos, Yehoshua escreveu no Haaretz: “Ainda assim, parece que a cidadania que foi forçada ou oferecida aos palestinos de Israel, após a conclusão da Guerra de Independência em 1948, criou uma base estável e concreta para relações entre a maioria e a minoria no Estado judeu, com sua grande minoria nacional e não-territorial de 20%. Mesmo um observador externo com algum senso de moralidade humana daria aos dois lados – judeus israelenses e palestinos israelenses – altas notas para a sabedoria de coexistência que desenvolveram durante os 70 anos de existência do Estado”.

As revoltas, linchamentos, incêndios e outros distúrbios que irromperam durante a Operação Guardiões dos Muros, em maio, mostraram que a coexistência árabe-judia dentro da Linha Verde não repousa sobre uma “base concreta e estável”, mas sobre vidro frágil, que pode ser facilmente estilhaçado – e de fato o foi. Nesta conexão, vale citar o que Sami Abu Shehadeh, líder do partido [árabe] Balad – facção da Lista Unida – disse há poucas semana, referindo-se às revoltas da última primavera: “Os judeus perderam porque os jovens de Lod decidiram que nesta vez estariam unidos … Os ataques em Al-Aqsa e no bairro de Sheikh Jarrah [bairro de Jerusalém Oriental vizinho à Cidade Velha] estremeceram toda a Palestina… Mas os garotos de Lod quebraram o nariz”.  Será que a mudança necessária para curar o nariz judeu quebrado envolve aumentar dramaticamente a parcela dos árabes no Estado?

De fato, a Solução de um Estado Palestino existindo ao lado de um Israel Judeu parece ser inviável no futuro próximo. Mas. da impossibilidade temporária de uma solução (Dois Estados), não decorre a conclusão de que outra solução (Um Estado) é possível, ou mesmo preferível.

Yehoshua está certo ao dizer que a situação existente é intolerável em termos de segurança, humanidade e moralidade. Ele merece altos agradecimentos por tentar achar novas respostas, exibindo o tipo de criatividade, flexibilidade e disposição para rever uma abordagem que não é típica mesmo nos que são muito mais jovens que ele. Muitos elementos do seu plano, incluindo a necessidade de suspender a expansão dos assentamentos e parar de abusar dos palestinos são, sem dúvida, corretos.

Entretanto, flexibilidade nem sempre é superior a teimosia. No contexto do conflito palestino, é preferível adotar  a afirmação emocional, e mesmo anti-intelectual do amigo e colega de Yehoshua, seu amigo e colega escritor David Grossman: “Eu tenho sumud [“firmeza” em árabe, uma estratégia palestina] pela paz. Não paz agora, não Um Estado, mas paciência. O campo da paz, também, não teme um caminho longo. É um campo que acredita na paz entre Israel e um Estado Palestino ao seu lado, não dentro dele – uma paz que, mesmo que tarde, chegará com certeza. Se não amanhã, no dia seguinte.

 

Nota do Tradutor:  O Movimento PAZ AGORA apóia a negociação de uma paz justa e duradoura entre israelenses e palestinos baseada na Solução de Dois Estados e nos parâmetros da Iniciativa de Genebra.

 

[ por Avi Garfinkel,  escritor e professor | Haaretz | 17|12|2021 | traduzido por Moisés Storch pelo PAZ AGORA|BR ]

 

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