Biden e Abbas fazem discursos históricos pela Paz entre 2 Estados – Israel e Palestina

Enquanto Mahmoud Abbas e Joe Biden instam pelo reinício do processo de paz, no conceito de 2 Estados para 2 Povos, em Israel emerge, após décadas de governos beligerantes, o novo primeiro-ministro Yair Lapid, veterano defensor da mesma fórmula, da Solução de Dois Estados.

A palavra “Paz” pode finalmente recuperar a importância que teve até o assassinato de Yitzhak Rabin, no cotidiano e na esperança de israelenses e palestinos.


Belém, 15|07|2022

O presidente Joe Biden, em visita a Belém (Autoridade Palestina) falou com empatia pela situação atual dos palestinos, insistindo que apenas uma Solução de Dois Estados poderia melhorar suas vidas e inaugurar uma nova era de paz, prosperidade e dignidade ao lado dos israelenses.

[ por ALEXANDER WARD | POLITICO | 15|07!2022 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR – www.pazagora.org ]

O presidente Joe Biden instou hoje em Belém por um processo de paz “revigorado” entre israelenses e palestinos, usando sua visita à Cisjordânia para pressionar pelo progresso no processo de paz estagnado.

Após dois dias de reuniões calorosas com líderes israelenses, Biden viajou para Belém para uma reunião com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. A visita foi mais do que um encontro de cortesia, já que Biden anunciou mais de US$ 300 milhões em assistência financeira e iniciativas para palestinos, compensando um desligamento quase completo da ajuda palestina pela administração Trump.

Biden falou com empatia pela situação atual dos palestinos, insistindo que apenas uma Solução de Dois Estados poderia melhorar suas vidas e inaugurar uma nova era de paz, prosperidade e dignidade ao lado dos israelenses.

“Espero que nossa visita seja o início de um novo diálogo revigorado”, disse ele em discurso conjunto ao lado de Abbas, observando sua preferência por um acordo consistente com as fronteiras traçadas antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, trocas de terras mutuamente acordadas, acesso compartilhado a Jerusalém e um Estado Palestino contíguo. “Eu sei que o objetivo de Dois Estados parece muito distante, enquanto o mal estar com restrições aos movimentos e viagens e a preocupação diária da segurança de seus filhos são reais e são imediatas. O povo palestino está sofrendo agora. Pode-se sentir sua dor e sua frustração”.

Alguns analistas acharam que Biden não foi longe o suficiente ao descrever quem causou a dor que o presidente descreveu.

“Ele reconheceu o sofrimento palestino, mas não mencionou o principal motor desse sofrimento, que é a Ocupação militar de 55 anos por Israel“, disse Khaled Elgindy, diretor do Programa sobre Assuntos Palestinos e Israelense-palestinos no Instituto do Oriente Médio, em Washington. “Se Biden não pode sequer dizer a palavra Ocupação, como alguém imagina que esta administração pode ir acabar com ela a fim de chegar a uma Solução de Dois Estados?”

Biden admitiu que “o terreno não está maduro neste momento para reiniciar as negociações”, embora tenha jurado que seu governo ajudaria a facilitar as negociações entre ambos os lados, caso a situação melhore.

Abbas, que não promove eleições desde 2006, causando sérios danos à sua reputação e legitimidade, ofereceu um pouco de esperança quando disse que os palestinos estavam dispostos a trabalhar com os Estados Unidos “de mãos dadas para alcançar uma paz abrangente e justa”. Mas ele também fez um forte apelo para que Washington ajudasse a acabar com a Ocupação das terras palestinas e reiterou a exigência de que Jerusalém Oriental seja a capital de um Estado soberano da Palestina.

O novo governo israelense, liderado pelo primeiro-ministro Yair Lapid, apoia a busca de uma Solução de Dois Estados. Mas Lapid não tem o mandato para embarcar em um longo e politicamente conturbado esforço para reiniciar as negociações a sério – embora possa vir a tê-lo caso termine como líder do país após as eleições de novembro deste ano, a quinta rodada de votação de Israel em menos de quatro anos.

O encontro deixou claro que as negociações de status permanente estão efetivamente de volta à estaca zero, com poucos (se houver) dos problemas identificados nos Acordos de Oslo de 1993 resolvidos e com menos confiança entre americanos e palestinos. Um alto funcionário da administração admitiu na quarta-feira que o processo de paz precisava de um novo “licerce em vigor para fazer algum progresso“.

Uma mudança que Biden cimentou é o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel, uma política que Biden observou a Abbas em sua reunião privada. Essa mudança, incluindo a mudança da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, foi determinada por uma lei de 1995 assinada pelo então presidente Bill Clinton, mas foi rechaçada por presidentes de ambas as partes, incluindo o próprio Clinton, até que Presidente Donald Trump oficializou a decisão em 2017 . O reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel azedou as relações entre o governo Trump e as autoridades palestinas, que se recusaram a trabalhar com o então presidente pelo resto de seu mandato.

Biden fez menção específica durante seu discurso ao assassinato da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, cuja morte se tornou um ponto de discórdia entre autoridades israelenses e palestinas. Vários jornalistas palestinos nas aparições conjuntas Biden-Abbas usavam camisetas pretas que diziam “Justiça para Shireen” e uma foto da repórter morta foi colocada em uma cadeira vazia na primeira fila da seção reservada à imprensa palestina.

O presidente dos EUA tropeçou feio sobre o nome de Akleh durante suas observações, quando disse que muitas famílias palestinas haviam perdido entes queridos. “É de cortar o coração”, disse ele.

O Departamento de Estado disse há duas semanas que era provável que as Forças de Defesa israelenses tivessam matado inadvertidamente Akleh, uma declaração que não satisfazia os pedidos de justiça da Autoridade Palestina e da família da repórter. Citando uma agenda lotada, a equipe de Biden disse que o presidente não poderia visitar a família de Akleh na Cisjordânia, mas observou que o secretário de Estado Antony Blinken convidou a família para ir a Washington.

Após sua visita de meio dia à Cisjordânia, Biden voará para Jeddah, na Arábia Saudita, para a segunda etapa de sua viagem ao Oriente Médio. Lá ele se encontrará com o rei saudita Salman e seu filho, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Abbas instou pelo fim do “apartheid” de Israel, em coletiva com Biden

[ por Tovah Lazaroff, Khaled Abu Toameh e Sara Ben Nun | Jerusalem Post | 15|07|2022 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR www.pazagora.org ]

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu o fim do “apartheid” israelense e alertou que a Solução de Dois Estados não estaria sobre a mesa para sempre, e pediu a Israel que se sentasse com ele para fazer a “paz dos corajosos”.

Ele falou em uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente dos EUA Joe Biden em Belém na sexta-feira.

“Estamos ansiosos pelos esforços de sua Administração para fechar o capítulo da Ocupação israelense de nossa terra e acabar com a discriminação racial, o apartheid contra nosso povo e parar ações unilaterais”, disse Abbas. 

Os EUA têm sido contundentes sobre sua oposição às acusações sobre apartheid israelense, mas Biden não respondeu ao uso dessa linguagem por Abbas. 

Abbas, em seu discurso, pediu aos Estados Unidos que reconhecessem unilateralmente o Estado da Palestina. 

“A chave para a paz e a segurança em nossa região começa com o reconhecimento do Estado da Palestina e a habilitação ao povo palestino para alcançar seus direitos legítimos de acordo com as resoluções internacionais”.

Isso inclui a reabertura tanto do Consulado-Geral de Jerusalém dos EUA, que servia como embaixada de fato para a AP, quanto do escritório da Organização de Libertação da Palestina em Washington.  Ambos os escritórios foram fechados por Trump.

Abbas pediu aos EUA que removessem a Organização de Libertação da Palestina de sua lista de organizações terroristas, afirmando: “não somos terroristas”.

Ele também pediu para aqueles que mataram a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh sejam responsabilizados. A AP acusou o EDI de matá-la enquanto ela cobria um ataque do Tzahal em Jenin.

Abbas assegurou aos EUA a disposição da AP de trabalhar com os EUA para alcançar a paz com Israel. 

Ao descrever o território do “Estado da Palestina”, Abbas disse que era “Jerusalém Oriental como sua capital, nas fronteiras de 1967” quando pediu conversações de paz com Israel para alcançar esse objetivo de Dois Estados.

“A oportunidade de uma Solução de Dois Estados na fronteira de ’67 pode estar disponível apenas hoje. Não sabemos o que acontecerá depois”, disse ele. 

“Eu estendo minha mão ao povo de Israel para fazer a paz dos bravos” – disse Abbas – “para que haja um futuro melhor para as novas gerações. 

“Faz 54 anos [desde 1967] e 74 desde o Nakba, pergunto a vocês: Quando vai acabar a Ocupação? Quando nossa nação terá sua liberdade e independência?”.

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