Até Logo, Meretz

[ Editorial do Haaretz  |  06|11|2022  |  traduzido pelos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA ]
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Três décadas depois dos partidos Ratz, Mapam e Shinui se fundirem no Meretz, o partido que orgulhosamente agitava a bandeira da esquerda foi varrido da legislatura de Israel. Os sucessores de Shulamit Aloni, Yair Tzaban e Amnon Rubinstein assistirão de longe ao juramento de 14 devotos do racista Meir Kahane , no templo da democracia israelense. O fracasso desse pequeno grupo, que nadou em águas turvas contra uma corrente crescente de militarismo, colonialismo e chauvinismo, é mais um mau presságio para a sociedade israelense.

ESQUERDA É MERETZ

Israel tem uma dívida de gratidão com o MERETZ, que foi parceiro no governo de Yitzhak Rabin e o encorajou a assinar os Acordos de Oslo. Ativistas do partido trabalharam incansavelmente contra a Ocupação e os assentamentos. Durante seus respectivos mandatos como ministros da educação, Shulamit Aloni e Yossi Sarid introduziram valores humanistas e universais no currículo escolar. O nome do ex-deputado Ran Cohen está na Lei de Habitação Pública. Zehava Galon ficou bravamente à frente do protesto contra as guerras no Líbano. Mossi Raz e Gaby Lasky ficaram ao lado de organizações de paz e direitos humanos, alertando contra as injustiças da ocupação e violência dos colonos. O MERETZ sempre garantiu uma representação adequada para as mulheres e foi o primeiro e até agora o único partido israelense a ser liderado por uma pessoa abertamente gay.

Apesar das diferenças ideológicas substanciais entre ele e os partidos de direita e centristas, a liderança do MERETZ concordou em engolir muitas pílulas amargas para permitir o estabelecimento do “governo da mudança”. A mais amarga foi a cruel emenda à Lei da Cidadania que viola os princípios de igualdade e humanitarismo. Mesmo assim, Nitzan Horowitz, presidente do partido e ministro da Saúde, foi elogiado por sua contribuição para a contenção da pandemia de coronavírus. O deputado do MERETZ Esawi Freige era o único árabe no governo cessante, atuando como ministro da cooperação regional. No Knesset cessante, o MERETZ  apresentou um projeto de lei destinado a proibir o presidente de atribuir a tarefa de formar um governo a um candidato, por exemplo Benjamin Netanyahu, que está sob investigação criminal ou foi condenado por crimes. Infelizmente, a ministra Ayelet Shaked bloqueou a proposta na Comissão Ministerial de Legislação. Este painel também derrotou o importante projeto de lei do MERETZ  para revogar a lei do estado-nação e avançar uma nova Lei Básica sobre Igualdade.

 

O desaparecimento do MERETZ  do Knesset é a perda de outro freio no deslizamento da sociedade israelense pela ladeira do Kahanismo, da teocracia e do separatismo. Mas isso não acaba com a necessidade de um corpo que combata as tendências sombrias que ameaçam a democracia israelense:

Agora é a hora de estabelecer um novo e revigorado partido de esquerda que incluirá o MERETZ, o Partido Trabalhista e outros componentes, judeus e árabes , do periferia e do centro do país.

 
 

O MERETZ merece agradecimentos por seu importante trabalho ao longo de décadas. Ressalte-se que a jornada do Partido e, principalmente, os valores que ele representa, não terminaram, e que a busca pela sua realização é mais importante do que nunca.

 
 

[ Editorial do Haaretz  |  06|11|2022  |  traduzido pelos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA ]
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