Donald & Bibi

 

Os Estados Unidos têm o Donald. Nós temos Bibi. Os gringos estão agora prestes a rechaçá-lo, a não cair novamente em seu show populista. Para nós já é tarde, muitos anos tarde.

É difícil entender que em um país desenvolvido se admita este discurso tão populista. Tão Netanyahu. E tanto se assemelham, o gringo Donald e o sabra Bibi.

Podem ter pontos de vista diferentes. Mas seu populismo os faz incrivelmente parecidos.

Donald e Bibi não resistem às críticas da mídia. Querem intimidar a imprensa, calá-la, demonstrar que com eles ninguém se mete.

A mídia é uma doença, para Donald e Bibi. Os criticam, os atacam, os menosprezam. Trump se referiu aos jornalistas como gente desagradável, mentirosa, horrível. Os qualificativos de Netanyahu, para quem a imprensa costuma ser hipócrita, perversa, mentirosa, cínica, sem-vergonha e coisas assim, são mais extremos.

Donald e Bibi acreditam e praticam com grande devoção no lema “divida e vencerás”. Necessitam inimigos comuns a quem odiar e rechaçar. A culpa é sempre dos outros.

Para Donald, os imigrantes, em particular os mexicanos que “trazem drogas e crime”, são os inimigos a vencer. Pretende assim acabar com a tradição de um país forjado pela imigração.

Como Donald, Bibi teve e tem vários grupos dignos de seus ataques públicos: “Hassmol” (a esquerda) “que se esqueceu do que é ser judeu”, “os árabes que correm como manadas para as urnas”, a imprensa, incapaz de entender e aceitar as extravagâncias da família Netanyahu pagas com os impostos dos cidadãos, a Justiça que o persegue, ainda que “não vai acontecer nada, porque não existe nada”.  Por isto, ele se encanta ao repetir que “quanto mais nos atacam, mais nos tornamos, muitíssimos mais”. Noutras palavras, “nós, a maioria, contra as minorias; nós, os poderosos, contra os fracos”, como se esta fosse a base principal da democracia. O importante é ter sempre alguém para culpar, atacar e atemorizar.

Ademais, Donald e Bibi necessitam ser o centro de tudo. A política, o país, o mundo, gira en torno deles e de sua infinita soberba. Praticam a política do eu, eu e eu.

Sem Bibi não há governo, não há Estado judeu, não há nada. O Estado é ele. Tudo passa por ele. Com Donald, já podemos ver o lamentável destino da Casa Branca.

Assim são Donald e Bibi. Assim são estes populistas. Estão sempre na ordem do dia. Enfrentam um forte rechaço da mídia, fiscais, acadêmicos, políticos – inclusive de seus próprios partidos – , e de qualquer um que pare por dois segundos para analisar os futuros de Estados Unidos ou Israel.

Mas têm um grande apoio de milhões que caíram sob seus encantos, que sempre fedem a poder, nada mais que poder.

Nenhum país, nem sequer países com tradições democráticas tão arraigadas como Estados Unidos e Israel, está livre do populismo. A demagogia populista chega a muita gente explorando seus medos, suas inseguranças e seus preconceitos.

Aqui conhecemos bem toda a divisão, dano e violência que Bibi gera.

Esperemos que desta vez os gringos reajam a tempo.


[ por Alberto Mazor | publicado pelos Argentinos Amigos de PAZ AHORA (pazahora.net) em 16|10|2020 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR (pazagora.org) ]


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