Gantz e Bibi rompem coalizão de governo

 

Quase tudo que Bibi disse era Mentira | O discurso de Netanyahu explodiria um Detetor de Mentiras

 Netanyahu e o primeiro-ministro alternativo Gantz se esforçaram para esconder seu ódio mútuo quando dão mais uma volta no carroussel eleitoral de Israel. E não podem mais por culpa no coronavirus

Yossi Verter

Sem drama, para usar um clichê da TV, nem melodrama. Tudo era previsível, maçante e muito amargo no Knesset.

O vencedor do voto [Beny Gantz] não celebrou sua vitória, e nem deve ter ficado chateado. O perdedor procurou esconder sua satisfação ao ver que seu rival caíra na armadilha que deixara para ele.

Nem Benjamin Netanyahu nem Benny Gantz fizeram qualquer esforço para esconder seus ódio recíproco e seu profundo distanciamento um do outro. Sentaram de costas para o outro,  votaram e jogaram o jogo que, com quase certeza irá remeter Israel para as urnas pela quarta vez em dois anos, entre março e maio próximos.

Netanyahu prometeu fazer um anúncio no encontro do seu partido Likud na 4a feira às 20h. Para sua decepção, descobriu que o cenário – ministros e deputados do Likud – estariam ausentes do Knesset.

Pode-se entendê-los. As pesquisas mostram o Likud com 29 ou 30 cadeiras, 20% abaixo da sua posição atual.  E pelas normas, as primárias resultarão na substituição de 1/3 dos atuais deputados.

A bancada do grito, os membros da claque de Netanyahu que envergonham o Knesset por sua própria presença, pagarão por seus caprichos – com suas cadeiras. E ele ainda espera que eles percam horas de tempo morto no Knesset para poderem aplaudi-lo em primeiro lugar?

O choque que reverberou pela bancada do fundão do Likud foi ecoado no Kahol Lavan de Gantz. E o eixo não cairá apenas sobre os deputados do Kahol Lavan que entraram para o Knesset graças a ridícula “Lei Noruega”, que permite que ministros renunciem ao parlamento e sejam substituídos pelos próximos na fila do seu partido.

Alguns dos ministros do Kahol Lavan também não voltarão aos seus postos, ou ao Knesset. E a maioria deles não serão lembrados nem como nota de rodapé na política israelense.

Mas, apesar de nossa grande pena sobre essas perdas humanas no parlamento, o maior prejuízo real, que é impossível superestimar, será sofrido pela economia. A dissolução do Knesset – seja pela passagem de legislação na quarta feira ou via piloto automático se o orçamento não for aprovado até 23/12, irá paralisar a economia de Israel.

Não seria por causa do coronavirus; programas especiais do governo estão ajudando os necessitados. É por causa dos orçamentos dos ministérios.

Esses orçamentos não foram atualizados desde 2018, devido ao carroussel das eleições, ficamos presos, porque um primeiro-ministro acusado de corrupção tentava escapar da justiça (e também devido à imperdoável fraqueza dos parceiros que o seguiram). Desde então, a população de Israel cresceu a 2% por ano e as necessidades – pensões a idosos, benefícios a crianças, infraestrutura, leitos hospitalares, escolas – cresceram igualmente e não foram atendidos.

Mas, nenhuma solução será encontrada para eles até pelo menos julho ou agosto de 2021. E a culpa é inteiramente de Netanyahu. Isso não pode ser esquecido.

Em seu discurso de campanha ontem à noite, que por alguma razão os estúdios de TV não cortaram, ele mentiu, distorceu e enganou em quase todas as frases. Seu argumento de que o Kahol Lavan violou o acordo de coalizão “desde o primeiro momento”, explodiria um detetor de mentiras.

Quando falou, seus olhos vagavam em todas as direções, como alguém pego em flagrante. Por causa da pesada maquilagem cobrindo o rosto, não conseguimos ver se o peso das mentiras, que estava despejando como um ventilador, o faziam corar. Provavelmente não.

[ por Yossi Verter | publicado no HAARETZ 03|12|20 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

 

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