Plano do KKL de expandir assentamentos ‘pôe em perigo sua existência’, advertem grupos judaicos.

 

Plano do KKL de expandir assentamentos pode ‘pôr em perigo sua existência’, advertem grupos judaicos.

 Mercaz Olami , a organização sionista do movimento Conservador-Masorti, é mais um grupo da Diáspora a declarar oposição à mudança.

Cisjordânia 2020 | Assentamento de Efrat (bloco de Gush Etzion), com a cidade palestina da Belém, ao fundo. Credit: Ronen Zvulun/ REUTERS

 

Alarmes estão sendo acionados por judeus de todo mundo para alertar que a decisão de formalizar a compra de terras na Cisjordânia para expandir assentamentos pelo KKL irão não apenas prejudicar as relações diplomáticas internacionais de Israel, mas podem também ferir seus esforços de fundraising numa extensão que poderia pôr em perigo sua própria existência.

O Mercaz Olami, organização sionista do movimento Conservador-Masorti, disse numa declaração sem meias palavras, que “se opõe à medida”, que “poderia pôr em risco irreversivelmente o KKL e nossa Pátria”,

Mercaz Olami, o braço político do Judaísmo Conservador, representa o movimento nas instituições da Organização Sionista Mundial, incluindo a mesa de diretores do KKL, o Keran Kaiemet LeIsrael.

Sob a proposta revelada na semana passada e aprovada pela liderança do KKL no domingo, a política da organização seria mudada oficialmente para permitir-lhe comprar terras na Cisjordânia em benefício do empreendimento de assentamentos judeu.

A decisão proposta, diz a declaração, “coloca o KKL numa situação que potencialmente viola a lei internacional”.

”A atual ação tenta impor uma estrutura que reflete e favorece a política de assentamentos da extrema direita de Israel, num ato inconsistente com o que tem sido um princípio básico do KKL ao longo da sua história”. Pedimos um retorno ao que era uma política de “consenso sionista”.

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O Mercaz Olami se une à oposição ao ato por outros grupos judeus na Diáspora. O Rabino Rick Jacobs, presidente da União para Reforma do Judaísmo, declarou após o plano ser apresentado que seu movimento “pretende mobilizar a comunidade judaica para combater o plano do KKL, através de canais políticos e legais”.

Jacobs disse que sua organização, como a maioria dos judeus americanos, “se opõe há muito tempo à proliferação de assentamentos, porque eles põem em risco a possibilidade de uma solução [de paz com os palestinos] de Dois Estados”, e se opôs veementemente ao plano do KKL.

A oposição de Judeus da Diáspora à medida é significativa, pois muitas das suas organizações têm assento na Diretoria do KKL, que terá a palavra final sobre a controversa mudança de política.

Esses grupos incluem representantes de braços dos movimentos reformista e conservador, Hadassah, WIZO, Maccabi World Union, B’nei Brit e NA’AMAT Internacional.

A decisão de domingo de adiar a decisão final da diretoria até depois da eleições de Israel em 23/3 seguiu-se a várias ameaças de renúncia por membros da liderança do KKL, além de um pedido de adiamento pelo líder do Kachol Lavan, o Ministro da Defesa Benny Gantz.

O Mercaz Olami divulgou que seus representantes “irão perseverar na oposição às mudanças propostas”.

Na sua atual forma, a proposta permite ao KKL comprar terras de propriedade privada de palestinos, com prioridade a terras dentro de assentamentos, terras onde a construção deve oferecer poucos obstáculos e terras adjacentes a assentamentos existentes e que possam ser usadas para sua expansão.

A proposta dá prioridade a terras no Bloco de assentamentos Gush Etzion, no Vale do Jordão, em torno de Jerusalém, na região de Binyamin a norte de Jerusalém, nas colinas ao Sul de Hebron, e áreas adjacentes à fronteira anterior a 1967.

[ Não há uma mínima menção a reservar terras para o estabelecimento de um Estado Palestino. Ao contrário, as prioridades acima  determinam a impossibilidade de se construir um Estado Palestino minimamente contíguo… -NT ]

Alon Tal, vice-presidente do KKL e representante do Kahol Lavan, prevê  que  as grandes preocupações dos grupos da Diáspora na diretoria deverão levar a mudanças susbstantivas no plano. Ele disse ao Haaretz que prevê uma solução de compromisso entre a liderança de direita que desenvolveu a proposta original e as forças “mais moderadas” da mesa diretora,

Tal caracterizou a decisão do domingo de adiar o voto da mesa até depois da eleição como um “gesto de boa vontade” da alta liderança, que teria preferido avançar com seu plano mais rapidamente.

O adiamento “ganhará tempo”, de forma que os “membros mais moderados” da mesa trabalharão junto às lideranças para aceitar uma posição mais unificada que, espera, não comprometerá a posição internacional de Israel nem prejudicará o apoio ao grupo pelos judeus ao redor do mundo.

“Não creio que ninguém na mesa acredita que as compras de terras pelo KKL modificarão significativamente o mapa de qualquer acordo territorial futuro. Esses dias já ficaram para trás”, disse Tal.

E enquanto ele dizia que “entende” o desejo dos partidos de direita de mostrar solidariedade com os colonos da Cisjordânia, acrescentou que “ele sabe que eles estão cientes do prejuízo que poderia ser causado às organizações afiliadas ao KKL e aos muitos apoiadores dedicados vivendo ao redor do mundo, que tem sido parceiros tão excepcionais ao longo dos anos”.

 

[ por Allison Kaplan Sommer | Haaretz | 15|02|2021 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

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