A.B. Yehoshua: Nunca Fui Favorável à Anexação

Após seu apelo por dar aos palestinos direitos civis na Cisjordânia criar ondas de choque, o famoso autor israelense responde aos seus críticos.

[ por A.B. Yehoshua | Haaretz | 02|01|2017 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR | www.pazagora.org ]

Eu nunca fui a favor da anexação

[ Em resposta a “A Solução de Dois Estados continua sendo uma opção viável” (Shaul Arieli, Opinião, 01|01|2017 ]

É lamentável que meu amigo Shaul Arieli, que aos meus olhos é um dos maiores especialistas na situação na Cisjordânia, não tenha verificado antes se eu já tinha dito em qualquer lugar que eu era a favor da anexação da Área C. Eu nunca disse isso, nem acho que precisamos anexar a Área C. Além disso, não há risco de que essa anexação ocorra, mesmo que apenas porque o governo Netanyahu (em oposição ao Habait Haiehudi) prefira manter a Área C como uma terra perpétua de ninguém para manter a ilusão de uma política de Dois Estados para Dois Povos, o que facilitaria as coisas para ele tanto nas arenas domésticas quanto internacionais.-

A única coisa que eu disse é relacionada a algum tipo de atualização no status dos residentes palestinos da Área C de modo a evitar, ou pelo menos reduzir, a dificuldade de eles estarem posicionados na linha de fogo da Ocupação israelense. De acordo com o relatório mais recente de B’Tselem, 2016 foi um ano recorde para a demolição de casas palestinas na Área C.

É por isso que a direita não deveria estar comemorando e a esquerda não deveria se arrepender. A direita não ganhou um soldado idoso e a esquerda não me perdeu. Com base em todos os sinais, todos nós continuaremos a percorrer esta situação provisória.


Comentário de Shlomo Gazit (Kfar Saba] Estão todos corretos.

Em resposta a “Reduzir a malignidade da ocupação israelense” (A.B. Yehoshua) e “A solução de Dois Estados continua sendo uma opção viável” (Shaul Arieli) ambos de 01|01.

Ambos os escritores estão lutando com a questão de como chegar a uma Solução de Dois Estados-nação vivendo lado a lado. A eles podemos adicionar o discurso/palestra do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, na semana passada, que tentou explicar os perigos inerentes à política de assentamento de Israel.

Lembrei-me da história do rabino que contou a cada um dos dois adversários que vieram consultá-lo que eles estavam certos, e quando a esposa do rabino se perguntou como ambos poderiam estar certos, ele disse a ela: “Você também está certa.”

Todas as propostas acima oferecidas para resolver o conflito israelo-palestino visam o mesmo objetivo – chegar a um acordo sobre Dois Estados, judeu e palestino, lado a lado. Também estive entre os que apresentaram sugestões para esse fim.

O problema, infelizmente, é que estamos de pé à margem e não temos influência nas decisões que estão sendo tomadas pelos dois jogadores no tabuleiro de xadrez. Nem minhas opiniões, nem as de Yehoshua ou Arieli, têm qualquer impacto prático. Estamos deliberando apenas entre nós.-

Não tenho dúvidas de que, a longo prazo, a escolha será cruel, mas se temos que esperar 10 anos ou 100, o objetivo final é claro. Ou haverá Dois Estados, para judeus e para palestinos, ou o Estado de Israel desaparecerá do mapa.

[ por A.B. Yehoshua | Haaretz | 02|01|2017 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR | www.pazagora.org ]

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