A Batalha por Israel

[ Editorial do Haaretz | 03|11|2022 | traduzido e endossado pelo PAZ AGORA|BR  |  www.pazagora.org ]

 

A recente eleição do Knesset levou o eixo Benjamin Netanyahu-Itamar Ben-Gvir-Bezalel Smotrich ao poder. Apesar da decepção compreensível, o campo de centro-esquerda não pode se recolher ou afundar em desespero. Em vez disso, já nos próximos dias, deve formular um plano de ação para controlar essa aliança perigosa, que deverá causar danos irreversíveis à democracia israelense.

O chamado “governo da mudança” deveria ter detido a destrutividade de Netanyahu enquanto este buscava, por conta do seu próprio julgamento criminal, esmagar o Sistema de Justiça e toda a Sociedade de Israel. O preço para o estabelecimento legítimo deste governo foi pago pela franqueza de valores e ideologia. Havia lógica nisso: não havia outra maneira de conectar Naftali Bennett, Gideon Sa’ar e Zeev Elkin [direitistas] com Mossi Raz, Gaby Lasky [socialistas do Meretz] e Mansour Abbas [islamista moderado].
 
O sucesso dos partidos de direita deve, de fato, ser uma lição importante para a esquerda: a tentativa de se disfarçar, de fugir de uma resposta ao temor, ao ódio e à divisão disseminada pela direita, está fadada ao fracasso. Também levaria, em um futuro previsível, ao desaparecimento de partes da esquerda como as conhecemos.
 
Este é o momento de voltar aos princípios básicos da esquerda israelense, que compõem os componentes essenciais de qualquer país democrático: o Estado de Direito e a Independência do Sistema de Justiça, a proteção dos direitos a da dignidade humanos, a defesa de grupos minoritários da tirania da maioria e a igualdade completa – civil, econômica e social.
 

Além disso, a esquerda deve voltar a lembrar as pessoas de que a Ocupação, que já dura mais de 55 anos, prejudica não só os palestinos conquistados, que pagam com sua liberdade e suas vidas, mas também o próprio Israel, que está hipotecando o seu futuro e sua imagem como democracia, por causa da estupidez cega do assentamento e do messianismo.

A esquerda israelense deve voltar a lembrar as pessoas de que, sem uma solução diplomática com os palestinos, Israel afundará ainda mais em uma lama de sangue, suor e lágrimas.

Para concretizar esses princípios, é necessária uma ampla coalizão judaica e árabe, que agirá de forma clara e sem desculpas. A única maneira de lidar com uma realidade racista é lutar contra ela. Não ficar em silêncio, não baixar a cabeça e não desaparecer.

Não devemos desistir de nossa aspiração de transformar Israel em um lugar digno, justo e decente para todos os seus cidadãos, independentemente da religião, raça ou gênero, como prometido na Declaração de Independência.
 
Pode levar algum tempo para esse processo dar frutos, mas se a esquerda quiser sobreviver, esta é a única opção. Não há soluções mágicas.

[ Editorial do Haaretz | 03|11|2022 | traduzido e endossado pelo PAZ AGORA|BR  |  www.pazagora.org ]

 

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