Declaração Conjunta de Juristas de Israel

 

Declaração Conjunta
de Ex-Vice- Procuradores Gerais de Israel

e Conselheiros Oficiais de Ministérios do Governo de Israel

Israel, 1º de março de 2023

 

Nós abaixo assinados, que servimos no passado como Vice-Procuradores-Gerais de Israel, como Conselheiros Oficiais de Ministérios do Governo, do Serviço Geral de Segurança (Shabak) e da Polícia israelense, desejamos – em primeiro lugar – expressar o nosso apoio ao atual Procurador-Geral e aos nossos colegas do Serviço Jurídico governamental,  que desempenham as suas funções com o máximo profissionalismo e integridade.

Nós, que já ocupamos altos cargos no serviço jurídico governamental, dedicamos nossas carreiras, fornecendo o aconselhamento jurídico profissional necessário para que o Governo e seus ministros executem seus programas e políticas, ao mesmo tempo em que garantimos a adesão ao Estado de Direito e à Ética Pública, e com o devido respeito aos direitos indivíduais.

 

Agora, como cidadãos, estamos profundamente preocupados com a ameaça ao sistema democrático do país e ao Estado de Direito.       

A verdadeira democracia baseia-se num sistema de freios e contrapesos, cujo objetivo é, entre outras coisas, limitar o poder daqueles que governam.


 

A intenção das propostas que estão sendo avançadas atualmente, como parte das chamadas “reformas do Sistema Judiciário”, é anular esse princípio e, assim, permitir que o governo governe sem quaisquer restrições ao seu poder, ou quaisquer freios e contrapesos substanciais.

Essas propostas incluem, entre outras, dar à coalizão governante controle total sobre a nomeação de juízes, impedir que a Corte exerça controle judicial sobre o que é chamado em Israel de “Leis Básicas”, instituir uma “cláusula de substituição” que dá ao Knesset, por maioria de votos, o poder de anular decisões da Corte que considerem estatutos inconstitucionais e rescindir a doutrina da razoabilidade,  que é uma ferramenta legal que permite aos tribunais examinar as políticas e ações do Poder Executivo.

Cada uma dessas propostas é problemática por si, mas juntas elas constituem um golpe mortal na estrutura do sistema democrático de governo em Israel.

Essas medidas levarão ao enfraquecimento e à politização do Poder Judiciário, à redução substantiva da revisão judicial sobre o Knesset e o governo, colocando os direitos básicos do indivíduo em perigo e removendo as proteções contra a corrupção governamental.

 

Outra parte da “reforma” proposta é uma mudança no status dos Conselheiros Gerais Ministeriais, transformando seus cargos de carreira, cuja nomeação não é política, em nomeações por “confiança pessoal”, sem critério profissional pelo ministro ou seu diretor-geral.

Isso prejudica o mecanismo profissional destinado a garantir que o governo opere dentro dos limites da lei e de acordo com os princípios de governança adequados.

 

À luz do exposto, opomo-nos veementemente a esta “reforma”, uma vez que destruirá os fundamentos democráticos do Estado: o Judiciário israelense e o Serviço Jurídico do Estado.   

Um sistema judicial independente e apartidário é um pilar essencial do Estado; sem ele, Israel tornar-se-á, nas palavras do ex-primeiro-ministro Menachem Begin, “uma falsa democracia que é, em essência, uma tirania”.

À luz do exposto, opomo-nos veementemente a esta “reforma”, uma vez que destruirá os fundamentos democráticos do Estado: o Judiciário israelense e o Serviço Jurídico do Estado.   

Aqui não se trata de direita e esquerda, religiosos ou seculares, homens ou mulheres, judeus ou não-judeus. É importante para todos aqueles que prezam um Estado democrático de Israel.

Apelamos ao Governo e aos membros do Knesset para que desistam imediatamente de promulgar esta “reforma”. Há espaço para discussões sérias e um diálogo sincero e de boa-fé sobre formas de melhorar nosso sistema de governo, incluindo o Poder Judiciário, mas não há lugar para permitir a destruição da nossa Democracia e do nosso Sistema Judicial, como está sendo proposto.


Assinado por:


15 Ex-Vice Procuradores Gerais do Estado de Israel

26 Ex-Conselheiros Gerais de Ministérios do Governo, da Polícia Israelense e do Serviço Geral de Segurança do Estado de Israel

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