O Israel que Não Quer Paz

 
Policiais de fronteira israelenses tomam posição perto do complexo de ‘Al-Aqsa’, também conhecido pelos judeus como o ‘Monte do Templo’, enquanto a tensão cresce durante confrontos com palestinos na Cidade Velha de Jerusalém
 
 

Agora vamos, novamente, lamentar nosso destino amargo, os foguetes e ataques terroristas, a violência de nossos vizinhos e nossas vítimas sagradas que morrem em vão. Israel poderia ter evitado tudo, e desta vez isto poderia ter sido feito com bastante facilidade.

Quando Israel não quer silêncio, sabe exatamente o que fazer. Quatro ou cinco bombardeios aéreos anônimos de alvos iranianos na Síria, um ou dois golpes contra a soberania síria e o poder iraniano, no total conhecimento de que, em algum momento, o Irã e a Síria não poderão mais se conter.
 

Quando Israel não deseja a calma, ele despacha soldados em uniforme policial para um lugar extremamente sagrado para os muçulmanos durante o seu mês mais sagrado. Quando o governo de Israel não quer tranquilidade, envia sua polícia para espancar barbaramente os fiéis, constrangendo centenas de pessoas nos tapetes da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, para humilhá-los diante das câmeras, para todo o mundo árabe ver.

Não há um único muçulmano, ou qualquer ser humano, que pudesse ter permanecido indiferente às cenas chocantes na mesquita. Claro, é possível espalhar histórias sobre como as pessoas “se esconderam” na mesquita, mas a verdade é que muitos jovens querem passar as noites de sexta-feira durante o Ramadã dentro da mesquita sagrada. Esse é o direito deles, certamente no último lugar na terra em que os palestinos ainda têm algum resquício de soberania.

Espancá-los de tal maneira, não é querer silêncio, mas sim a morte.

Matar um estudante de medicina israelense da cidade beduína de Hura em um portão para o complexo das mesquitas e mais tarde fornecer uma versão ridícula das circunstâncias – e não revelar nem mesmo uma sombra da verdade – também é um meio de provocação.

Não querer silêncio é permitir que centenas de colonos em tumulto invadam uma cidade palestina de tempos em tempos, permitindo-lhes participarar em incêndios criminosos, destruição e ataques ao seu capricho, sob os olhares de soldados das Forças de Defesa de Israel, que nunca pensaram em cumprir seu dever de proteger os palestinos. Não levar nenhum desses desordeiros à Justiça também é uma forma de evitar o silêncio, a qualquer preço.


Um governo que não quer a paz, sangra lentamente aqueles sob a sua Ocupação. Mal passou uma semana nos últimos meses sem mortes palestinas insuportáveis e – já em seguida – todos agem surpresos, imaginando o que estas bestas humanas estão fazendo conosco, realizando um ataque por atropelamento em Tel Aviv e um atentado a tiros no Vale do Jordão.

Não querer silêncio é enviar um número louco de tropas, após cada ataque terrorista, para os campos de refugiados e cidades palestinas e virar a vida dos seus moradores do avesso por um longo tempo, demolindo as casas das famílias de terroristas e prendendo milhares de pessoas. Deter 1.000 pessoas por longos meses sem julgamento também é uma maneira comprovada de alcançar a falta de silêncio, o que Israel também realizou.

Aprisionando a Faixa de Gaza para sempre, bombardeando a Síria sem limites e subjugando cruelmente os palestinos. O que mais o belicismo exige?

Os motivos mudam, mas o objetivo permanece sempre. Agora é a extrema-direita que está sanguinária no governo e que entra em êxtase toda vez que o sangue palestino é derramado, esperando no processo alcançar Gogue e Magogue, seguido pela esperada segunda Nakba.

E junto com eles, há a direita pró-Bibi que quer esmagar os movimentos de protesto, o que só poderia ser eliminado por outra rodada de derramamento de sangue. E mais tarde, sempre poderíamos dizer que os culpados foram os árabes.

 

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