Ehud Barak está de volta

 

‘O regime de Netanyahu deve ser derrubado’ –  Ehud Barak faz seu retorno com um novo partido político

 

O comportamento lento e anêmico dos líderes do Kahol Lavan conseguiu transformar um idoso vigoroso, de língua afiada e que passou da idade de se aposentar há uma década, num ativo político valioso. Ehud Barak está trazendo o aditivo – alguns diriam a droga – que esta miserável campanha eleitoral tanto necessita: uma combinação de energia, agressividade e malícia,

Enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu encontra-se derrapando – como evidenciado por seus desesperados esforços para se salvar de enfrentar os eleitores em 17|09 – as forças trabalhando contra ele estão se fortalecendo  e rejuvenescendo.

Netanyahu nunca experienciou uma campanha política na qual, por um lado, tantos generais atiram nele – quatro antigos chefes do Estado Maior e numerosos ex-generais – enquanto, por outro lado, tenta escapar, por truques legislativos dúbios e manobras fétidas mais adequadas a um líder como o turco Recep Tayyip Erdogan. Enquanto não podemos inferir nada a partir do final do primeiro ato da peça – existem ainda 80 dias a nossa frente. Podemos certamente esperar algumas cenas interessantes.

O timing que Barak escolheu para anunciar seu retorno à arena política, à testa de um novo partido é ideal de sua perspectiva:

* A tentativa de reverter a dissolução do Knesset não está ganhando força e seu destino parece selado; só circunstâncias extremas, como uma guerra ou um desastre natural, podem ressuscitá-la. Barak, com seu estilo agressivo, a enterrou ainda mais fundo.

* Sua conferência de imprensa, que ele reuniu duas horas após Benny Gantz se ter dignado a finalmente sair para fora do mato e abordar a tentativa pelo primeiro-ministro e o presidente do Knesset assassinarem a democracia israelenses, evidenciou as diferenças entre eles. Existe uma demanda pela mensagem determinada e agressiva entre as pessoas, que não estão se encontrando no Kahol Lavan, mesmo que eles não gostem particularmente da pessoa que a emite.

* Na 5ª feira, cerca de 1.000 membros da convenção do Meretz estão escolhendo o líder do partido. Na próxima terça-feira haverá a eleição primária para liderança do Partido Trabalhista . Quando Barak diz que não está querendo correr sozinho, mas está buscando conexões e fusões no campo da centro-esquerda, está dirigindo uma mensagem aos eleitores de ambos os partidos, que poderia influenciar suas decisões. Considera-se que Barak prefere que o Meretz eleja Nitzan Horowitz e os trabalhistas escolham Itzik Shmuli.

Barak é a única pessoa no país que pode dizer o seguinte a Netanyahu: “Como seu ex-comandante, eu lhe digo: Bibi, você não pode mais manter-se no leme do governo. Seu tempo como líder político acabou”. Quando Netanyahu ouve estas palavras, fica pálido.

Seu retorno à política aos 77 anos, acompanhado pelo major-general (res.) Yair Golan – que, mesmo quando ainda de uniforme,  não hesitava em condenar publicamente a crescente brutalização, racismo e extremismo na sociedade israelense – deverá impactar todo o bloco de centro-esquerda. O Kahol Lavan será empurrado mais para a centro-direita e tentará fazer o que mal conseguiu na outra vez – atrair eleitores de direita moderados.

Barak, que é visto como esquerdista, não será capaz de fazê-lo. Em 01|08, data limite para apresentar listas para a eleição de setembro, ele espera se encontrar na cabeça de um conglomerado de esquerda que inclua Avodá e Meretz. Talvez Tzipi Livni se junte, além de outras personalidades que estão estudando o novo tabuleiro.

[ por Yossi Verter – publicado no Haaretz em 27|06|19 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR]

 

 

 

 

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