O que podemos aprender da “maravilhosa amizade” entre Netanyahu e Bolsonaro

Quando se trata de proteger a democracia em todo o mundo, Biden está de um lado, enquanto Netanyahu se amontoa com Trump, Putin e Bolsonaro.

 [  por Amir Tibon  |  Haaretz  |  09|01|2023  |  traduzido pelos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA  |  www.pazagora.org ]

 

Os vídeos que emergiram do Parlamento, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto na noite de domingo foram horripilantes, mas não surpreendentes. O ex-presidente do país, Jair Bolsonaro, vem plantando as sementes há meses, chamando de “fraudada” a eleição que ocorreu em outubro e se recusando a aceitar a vitória do seu rival, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Essas imagens lembram outro vídeo, que apareceu no início de outubro nas redes sociais de Bolsonaro – imediatamente antes do primeiro turno de votação no Brasil. Um homem de 70 e poucos anos é visto de frente para a câmera. Quando ele começa a falar, endossa a campanha de reeleição de Bolsonaro, que àquela altura já estava minando a democracia do Brasil e espalhando mentiras perigosas e teorias da conspiração.

https://twitter.com/i/status/1576379329017413633

“Obrigado, presidente Bolsonaro, por sua liderança e por fortalecer a aliança entre nossos países”, diz o homem no vídeo. “Desejo-lhe tudo de melhor e agradeço-lhe novamente por sua maravilhosa amizade.”

O nome do orador é Benjamin Netanyahu. Naquela época, era o líder da oposição de Israel. Como primeiro-ministro, terá que trabalhar com Lula, o líder socialista que derrotou seu “amigo maravilhoso” Jair.

A tentativa de golpe dos bolsonaristas em Brasília é uma continuação óbvia da insurreição de 6 de janeiro nos Estados Unidos, que foi inspirada e encorajada por outro amigo próximo de Netanyahu, o ex-presidente Donald Trump. Bolsonaro está atualmente na Flórida e, de acordo com relatos da mídia, membros de seu círculo estavam consultando alguns dos principais conselheiros de Trump no período que antecedeu o violento ataque de ontem às instituições de seu país.

O abraço caloroso de Netanyahu em Trump e Bolsonaro, combinado com a intenção declarada de seu novo governo de evitar qualquer crítica à guerra de Putin na Ucrânia, pinta uma imagem clara do lugar o novo governo de Israel ocupa na batalha global sobre a democracia. De fato, até a tarde de segunda-feira, quase um dia após o drama em Brasília, nenhuma autoridade israelense condenou a violência, mesmo diante de perguntas diretas sobre o assunto por jornalistas israelenses.

O governo Biden, talvez devido a medos políticos ultrapassados e exagerados, está fingindo não perceber, mas a verdade é evidente e difícil de ignorar: quando se trata de proteger a democracia em todo o mundo, Biden está de um lado, enquanto Netanyahu, junto com seus amigos Trump e Bolsonaro, está do outro.

 

[  por Amir Tibon  |  Haaretz  |  09|01|2023  |  traduzido pelos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA  |  www.pazagora.org ]


COMUNICADO – EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Os Amigos Brasileiros do PAZ AGORA repudiam com veemência…

… os ataques às Instituições Democráticas Brasileiras por grupos terroristas semeados pelo governo de Jair Bolsonaro, derrotado em eleições populares livres. Os envolvidos na tentativa de golpe devem ser punidos exemplarmente.

… a participação, na coligação do governo israelense liderada por Benjamin Netanyahu, de ministros envolvidos em atitudes violentas e racistas, instigando o terrorismo contra palestinos. A atribuição a tais ministros de competência para administrar os Territórios Ocupados é um escárnio sobre a Lei Internacional e às bases fundacionais do Estado de Israel.  A manutenção de ministros pertencentes à facção chamada “Sionismo Religioso”, de cunho racista e fascista, prejudica seriamente a possibilidade de uma Solução de Dois Estados.

São Paulo, 09|01|2023



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